Nossa! Já faz quase meio ano que voltei! Pra ter idéia de como foi corrido o semestre, que finalmente acabou, parece que foi ontem que eu saí de Zurique e desembarquei em São Paulo. Parece que me lembro perfeitamente daquela cidade. Parece ainda que é só descer as escadas, ir até a estação, pegar um trem e em uma horinha já estou lá. Que saudade de St. Gallen! Tem ainda as viagens todas que fazem muita falta. De vez em quando ainda lembro de umas histórias engraçadas, ou nem tanto, e fico imaginando se eu realmente estive nesses lugares e situações. Tava conversando como Bruno, que foi pra St. Gallen comigo esses dias, e lembrando de um trabalho que a gente escreveu que tinha em torno de 15 páginas em inglês! E a gente sofrendo pra escrever dez páginas na nossa língua natal! É muito engraçado como essas partes difíceis e chatas são tão rapidamente apagadas pela memória, enquanto todas as boas ficam vívidas e nítidas. Como eu já disse há muito tempo atrás, quando justifiquei o que iria escrever no blog, as nossas experiências são interpretadas de maneira subjetiva e essa subjetividade é tanta, a ponto de que a memória selecione somente os momentos bons, de tanto que foram os momentos. Talvez agora eu possa dizer melhor quais foram os efeitos de um semestre sabático em mim. Não que seja algo objetivo, como antes eu era de um jeito e agora eu sou de outro, mas são pequenos detalhes. Eu vejo um jogo do Chelsea e me lembro de enganar o cambista e de estar lá, mas ao mesmo tempo, parece irreal eu ter estado lá. O mesmo para a Filarmônica de Berlim, ou pros castelos da Romênia, pra Finlândia, pro Mediterrâneo, pros trens, pra neve, pros chocolates... Eu fiz uma matéria de Antropologia esse semestre que me fizeram pensar muitas dessas coisas. Basicamente era um curso de antropologia moderna contemporânea, abrangendo diversas correntes atuais, onde as etnografias (descrições das culturas) não são mais de povos distantes, como os aborígenes australianos ou os inuits do Pólo Norte, mas povos que agora se encontram próximos. Como descrever uma cultura, feita numa pesquisa de campo, se o objeto de pesquise pode ler seus resultados e dizer: “não somos bem assim”. É a crise da representação, da “autoridade etnográfica”. No meu caso, não que eu tenha dificuldade de representar os torcedores do Chelsea ou os espectadores da Filarmônica, nem que tenha a pretensão disso, mas de me representar dentro dessas “culturas”. É como se não me imaginasse mais por lá, apesar das fotos e a memória dizerem o contrário. Foi como um sonho? Acho que não, porque lendo o blog e revivendo/reinventando minhas histórias consigo buscar novas interpretações, novos caminhos de ver como tudo aconteceu.
Bom, chega de nostalgia... Ainda bem que chegaram as férias e agora posso viajar de novo. Essa foi uma das coisas que acho que melhor aprendi na Europa: viajar. Por isso, embarco essa semana com meu pai e todos os meus irmãos para Buenos Aires, again. E no começo de janeiro, pra mais uma aventura, talvez a maior de todas, pela América Latina. No roteiro: Bolívia, Peru, norte do Chile e talvez norte da Argentina.
Espero poder mandar notícias desses lugares, além de poder, quem sabe, terminar de escrever sobre o tour europeu também.
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluir