sábado, 30 de maio de 2009

On the road

Já estamos em Munique depois de viajar de carro ontem e ficarmos exaustos. Nao tenho muito tempo de internet, por isso depois detalho melhor os dias por aqui. Está um pouco frio, mas acho que vai dar pra aproveitar bem.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Três países

Hoje fizemos um passeio diferente dos que eu habitualmente fiz: viajamos de carro. Logo de manhã, não muito cedo, na verdade, fomos até a locadora de carros para ver os carros que eles tinham. No final conseguimos pegar um Audi A3 preto, modelo novo que acho que nem tem no Brasil ainda. Saímos então em direção à Vaduz, capital de Liechtenstein, por um caminho que eu não sabia muito bem. Apesar de nem sempre fazer o caminho mais rápido e de dar algumas pequenas voltas, conseguimos chegar lá. Naquela hora, o tempo ainda estava bastante bom e quente. Chegamos por volta do meio-dia, quando logo fomos almoçar e acabamos um restaurante que deve ser um dos melhores, senão dos mais chiques do país. A comida estava excelente, incluindo uma carne com creme de espinafres e batata, um peixe com legumes e um macarrão com molho indiano. Depois, caminhamos pela cidade e fizemos compras (canivetes, souvenirs liechtensteinianos e um relógio para o pai). Depois, subimos a montanha que eu já havia subido a pé no inverno, só que dessa vez de carro. Fiquei orgulhoso de mim mesmo de ver que eu consegui andar tanto! A vista é muito bonita como já disse alguns meses atrás, mas estava bem nublado, prenunciando o tempo que viria a seguir. Já no caminho de volta, pegamos um vento muito forte que estava balançando as árvores e até derrubou umas cercas pelo caminho. Pretendiamos jantar na Áustria, em Bregenz, mas fomos até lá e voltamos só parando num supermercado, porque estava chovendo bastante. Só por comparação, a temperatura quando saímos de Liechtenstein estava 27 graus, enquanto duas horas depois em St. Gallen estava 14 graus, com chuva. Todos podem achar que isso foi péssimo e estragou no dia, porém acho que estava quente demais antes. Se parar de chover como parou agora, vai ficar ótimo. Acho que já me acostumei com o clima europeu e estou intolerante ao calor. Chegando aqui tinhamos que descobrir algum ligar para deixar o carro durante a noite, já que podemos devolvê-lo amanhã. Acabamos parando na rua mesmo e pagando a taxa de estacionamento de lá na máquina que tinha lá. Depois passamos no Manor, o supermercado de comidas, onde compramos alguns aperitivos para comer a noite. Apesar disso, fomos jantar ainda no restaurante chinês aqui do prédio novamente, já que chovia bastante.

Amanhã, vamos ficar por aqui, indo até a universidade pra eu poder terminar de fazer todos os meus compromissos por aqui (um trabalho para escrever, além de coisas burocráticas, como fazer meu desregistro como morador de St. Gallen e estudante da universidade, além de, é claro, arrumar as malar que vão ser dixadas no aeroporto de Zurique na quinta-feira de manhã, para meu pai levar para o Brasil quando ele for embora daqui a mais de uma semana.

Tiramos algumas boas fotos e depois mando aqui no blog.

Novidades após três dias

Olá! Hoje vou escrever com a auda do Lucas que está aqui do meu lado. Fomos hoje para o Shopping Arena, que é um lugar onde fica o estádio do FC St. Gallen, recém campeão da segunda divisão do campeonato suíço, e onde também fica um shopping com várias lojas, incluindo a IKEA. Fomos de ônibus para lá, com o Lucas apreciando a paisagem e as vacas que apareciam pelo caminho. Chegando fomos para a Media Markt que é uma grande loja de eletrônicos, onde meu pai comprou um HD portátil e o Lucas ficou de comprar um X-Box 360. De lá fomos para a IKEA e demos uma volta, mas depois disso, todos já estavam bem cansados e voltamos para casa para desacansar antes de ir para Konstanz na Alemanha. Saímos daqui às duas e meia da tarde e chegamos lá as três e meia, quando fomos direto para o shopping de lá. Esqueci de falar que ainda no shopping de St. Gallen, o Lucas comprou o relógio suíço dele que queria, apesar de meu pai, na verdade, querer esse para ele. Voltando para a Alemanha, fomos na loja de esportes, onde eu comprei minha mochila de 65 litros para usar na viagem e o Lucas e meu pai compraram roupas e um tênis de futebol. Depois, fomos para o supermercado, onde compramos várias coisas, incluindo vários chocolates para levar para o Brasil, complementando aqueles que já havíamos comprado num supermercado na Suíça. Em seguida, demos uma volta na cidade, onde depois fomos para perto do lago, onde tomamos uma água (entenda-se água, como cerveja para meu pai) e ficamos apreciando a paisagem. Depois, pegamos alguns trens para voltar para St. Gallen, já que não haviam mais trens diretos. Tivemos que fazer uma parada um pouco demorada em Romanshorn, uma pequena cidade na beira do Lago Konstanz, para tomar mais uma água. Logo que chegamos no apartamento, já saímos para jantar num restaurante de fondue que encontrei na internet. Ele estava fechado, por isso, acabamos indo em outro, que no final, acabou sendo uma ótima escolha. Eu comi um peixe que não me lembro o nome, com legumes e purê de batata, com um molho meio adocicado. Meu pai comeu uma Tartar de carne que estava bem bom e o Lucas um prato tradicional suíço: picadinho de vitela com molho de cogumelos acompanhado de batata rösti. Agora voltamos para casa e conversamos com várias pessoas pelo Skype.

Alguns fatos curiosos sobre a viagem até agora:

- Tá um calor absurdo aqui! Acho que tá chegando a 30 graus durante o dia.
- A tosse do Lucas foi curada por uma pastilha mágica suíça, feita de ervas, que se chama Ricola e que todo mundo come por aqui, como se fosse bala.
-O Lucas já aprendeu muito mais palavras em alemão que meu pai até agora, que está somente quase conseguindo pedir cervejas...
-Já disse que tá muito calor?

Se eu lembrar de mais coisas ou quando aconteceram mais coisas coloco mais coisas por aqui

domingo, 24 de maio de 2009

Planos para a semana

Eles já chegaram bem ontem e já demos uma volta por St. Gallen antes que escurecesse (o que acontceu as 15 para as 10). Quando chegamos aqui, as lojas já estavam fechadas, mas conseguimos ir até um restaurante para jantar/almoçar para eles. Eles gostaram bastante das salsichas que realmente são diferentes das do Brasil. Depois voltamos para casa e ficamos no apartamento, que cresceu significamente desde que eu arrumei ele, degustando queijos e olhando a cidade pela varanda. Parece que a viagem foi boa, porque eles não chegaram cansados.
Bom, não sei muito bem o que faremos essa semana, principalmente hoje que é domingo. Mas, acho que amanhã vamos para Konstanz, na Alemanha e na terça para Vaduz em Liechtenstein. Vamos aproveitar para comer em lugares e comidas diferentes, além de fazer algumas comprar também.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Visitas amanhã

Olá! A essa hora meu pai, Lucas e os outros devem estar a caminho do aeroporto para vir para cá. Vai ser uma viagem cansativa para eles, mas espero que eles possam aprovitar bastante. Pensando nesse cansaço fui até a IKEA e comprei uns travesseiros melhores para eles além de um cobertor, já que vão ficar aqui por quase uma semana e pelo fato de que toda essa compra não sai mais caro do que metade de uma diária num hotel aqui de St. Gallen.
Além disso, ando tendo que dar uma arrumada no apartamento que estava bem bagunçado. Como já disse, o lixo aqui é separado para reciclagem, mas não a coleta de todos os tipos de lixo. Resultado: pilhas de papel, plástico e vidro no meu apartamento. Já fiz duas viagens até o lugar onde se joga esses materiais carregando bastante coisas, mas ainda tem um pouco aqui. Amanhã termino o carregamento a ench o colchão deles, atividade que parece que vai ser bem trabalhosa, porque a bomba de encher que comprei não parece ser das melhores.
Falando em trabalho, vou ter que conciliar todo o que tenho restante da faculdade com passeios por aqui. Tenho dois trabalhos para escrever, um de 32 mil caracteres, mas feito em dupla e outro de 3 mil palavras (ou seja, tenho um pouco menos de 10 páginas para escrever). Ah se fosse fácil escrever esses trabalhos como é fácil escrever sobre a viagem no blog... Primeiro que é em inglês, segundo que tenho que ficar usando referência a outros textos e terceiro que tenho que os argumentos do texto precisam fazer sentido e ser bem elaborados. Bom, vou tentar adiantar um pouco desses trabalhos então agora.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Algumas novidades...

Olá! Acho que (praticamente) acabaram as aulas fiquei com mais vontade de escrever para o blog. Não sei se é o porque tenho menos coisas pra fazer e me preocupar, mas na verdade acho que é porque tenho mais. Tenho alguns trabalhos para escrever e por isso, acho que me sinto incentivado a escrever no blog, como forma de adiar as coisas importantes que tenho que escrever já que elas são um pouco chatas e difíceis.
Disse que as aulas praticamente acabaram porque amanhã tenho uma última na qual vai ser passada a tarefa que tenho que fazer para valer como nota. Na verdade a prova dessa matéria vai ser no final de junho, mas os exchange students tem algumas vantagens, se não muitas, como poder fazer a prova antes, ou até fazer a prova antes e em casa como é o caso dessa matéria.

A temperatura por aqui anda bastante agradável, mas chegando a fazer até calor demais alguns dias. Tá em torno de 20 graus, estando um pouco mais frio de manhã (talvez chegue perto de 10) e mais calor alguns dias, quando já chegou até uns 25 graus. Porém anda chovendo de vez em quando, mas normalmente é uma chuva que passa rápido. Normalmente começa a clarear antes das seis da manhã e a noite só chega depois das nove da noite.

As pessoas aqui já começaram a ir embora, mas ainda há bastantes alunos por aqui. Na verdade ontem a tarde e hoje estive num estado de ressaca pós-provas e fiquei descansando, não participando de atividades sociais. Compensei as noites mal dormidas do começo da semana acordando tarde e tirando em belo cochilo a tarde. Talvez hoje tenha sido a primeira vez em que eu não gostei de um feriado na minha vida. Porque eu já não tinha nada pra fazer, então o feriado não importava e tudo estava fechado. Mas foi bom para descansar como já disse.

Agora as últimas novidades da viagem. Para quem está ansioso pela minha volta, agora já pode saber que minha passagem de volta está comprada: dia 09 de julho, chegando dia 10. Já podem ir preparando um churrasco pra me receber (hehehe). Amanhã vai ser o embarque do meu pai e do Lucas e acho que eles estão bem ansiosos para vir prá cá. Na verdade, amanhã tenho que arrumar um pouco o apartamento e comprar algumas coisas para a chegada deles, como por exemplo travesseiros e um lençol (colchão eu já comprei um inflável, no qual espero que eles consigam dormir e que o mesmo caiba bem no meu apartamento).
Outra notícia da viagem é que a Ryanair me aprontou mais uma boa surpresa. Meu roteiro não estava (nem está) muito bem definido ainda e eu estava em dúvida de onde iria depois de Budapeste e da Romênia (Planejo ir pra Budapeste dia 17 de junho saindo de Munique onde vou estar no show com a Carol). Aí, entrei no site da Ryanair pra ver algum aeroporto perto de Budapeste para ver se eles tinham passagens baratas. E não é que eu encontrei? Achei passagens baratas saindo do aeroporto de Graz, no sul da Austria para Alghero. Dúvido que alguém saiba onde fica isso! Nem eu mesmo sabia, mas descobri que fica na costa oeste da ilha da Sardenha, no mediterrâneo. Não parece bem legal ir prá lá? Deve ser bem bonito e a temperatura vai estar ótima para um passeio na praia. Além disso, encontrei passagens baratas de lá para Madri. Assim, vou chegar dia 21 de junho naquela ilha e dia 23 vou para Madri. Já planejava ir para a Espanha, mas confesso que ir até lá e depois voltar de trem parecia bem cansativo dada a distância. Só voltar de trem parece bem melhor acho que vai ser bem melhor. Agora com a passagem comprada não tem mais volta. Melhor começar a treinar meu portunhol então...

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Fotos da primavera

Olá! Fim das provas! Acho que fui razoavelmente bem e deu pra passar, apesar das provas serem um pouco estranhas. Elas não foram como no Brasil em que você pode parar e pensar pra responder. Eram em média quatro questões para se responder em uma hora. No Brasil, eu teria no mínimo 2 horas para a mesma quantidade e tipo de questão, quando não mais. Agora só faltam terminar alguns trabalhos e me preparar para as férias. Nos últimos dias não fiz muita coisa além de estudar, por isso vou mandar alguma fotos um pouco antigas que fiquei devendo.

Primeiro, Bregenz



Jardim perto do Bodensee



Um arranjo de flores engraçado no mesmo jardim



Preparação para o festival de ópera de Bregenz que começa, infelizmente, no fim de julho



Descansando na beira do lago



Quase uma praia... Dá pra se perceber que estava quente



Mais uma



Aqui já é a votação de Appenzell



Parece que a lei foi aprovada...



Aqui é em Zurique no festival de primavera, com os homens recebendo flores enquanto desfilam



O Böög ainda intacto assim que acenderam a fogueira



O fogo chegou nele



Agora tá queimando



Tá explodindo! Já pode comemorar?



Não! A cabeça ta ali ainda!



Agora sim...

Bom, amanhã é feriado aqui (Ascention Day) e vou ficar tentando adiantar os trabalhos que tenho, porque na sexta tenho uma última aula e tenho que preparar as coisas pra chegada do meu pai e do Lucas...
Na verdade, acabei de lembra que ontem fui ao teatro assisitir uma peça montada por um grupo de alunos da universidade. Ela era em alemão por isso não deu pra entender tudo, mas pelo menos um pouco. Foi bem legal e é uma pena que no Brasil não hajam iniciativas como essas dentro das universadades (não desse nível pelo menos)...

terça-feira, 19 de maio de 2009

Provas

Passei os últimos dias estudando para as provas e estou feliz de que elas estão acabando. Hoje já fiz três provas e amanhã tenho mais uma última. Estou cansado porque dormi pouco, mas tenho que estudar só mais um pouquinho. Até agora acho que fui suficientemente bem. Desejem-me sorte para amanhã.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Nota sobre Competition Law

Sobre aquela materia que eu tenho falado que ta sendo bem trabalhosa, pois tenho tido que ler muitas coisas em ingles juridico, saiu uma noticia muito importante hoje, que foi divulgada ate no Brasil. Trata-se da multa bilionaria aplicada a Intel por uma politica anti-truste. Exatamente casos como esse que tem sido o objeto de estudo nessa materia. A Intel tendo o dominio do mercado de processardores de computador, com mais de 70 % do mercado, estava usando esse dominio para prejudicar seus competidores (AMD) a conseguir competir com ela no mercado. essa caso enquadra-se no artido 82 da contituicao europeia, na qual um sujeito em posicao dominante (dominio do mercado, quase monopolio) nao pode usar disso para dificultar outros sujeitos que queiram competir nesse mercado. Seguem o link da noticia no Brasil e da divulgacao da comissao europeia, que e o que muitas vezes usamos no curso:

http://tecnologia.uol.com.br/ultnot/reuters/2009/05/13/ult3949u5839.jhtm
http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u564996.shtml
http://europa.eu/rapid/pressReleasesAction.do?reference=IP/09/745&format=HTML&aged=0&language=EN&guiLanguage=en
http://europa.eu/rapid/pressReleasesAction.do?reference=SPEECH/09/241&format=HTML&aged=0&language=EN&guiLanguage=en

Noticias (ou sinais de vida)

Faz tempo que eu não escrevo. Não vou tentar tirar todo o atraso, porque não vou conseguir, mas vou mandar algumas noticias já que todos sentem minha falta (espero eu).

Ontem fui jogar golfe. Não joguei muito bem, mas foi divertido, apesar de uma chuva que começava e parava o tempo todo, porem ainda sim estando quente. O legal desse campo e que ele tem 36 buracos, que são revezados toda semana eu acho. Desse modo, joguei num campo diferente do da outra vez. Apesar de ter jogado relativamente mal, fiz um par, o que foi bom. Depois do jogo, fiquei conversando com o pessoal do golfe e percebi que meu alemão melhorou significantemente desde que vim pra ca, apesar de não ser bom ainda (na verdade minha participação nessa conversa pode ser considerada passiva, mas o que importa e que eu estava entendendo bastante).

Semana passada, tive mas uma apresentação para fazer para minha aula de European Competition Law. Ate que estou melhorando nas minhas apresentações, já que essa me pareceu bem melhor do que a outra que eu fiz, apesar de se tratar de um caso mais complexo e mais longo. Posso dizer que deu muito trabalho ler o inglês jurídico, mas foi interessante. Continuando sobre a faculdade e as aulas, elas tem sido boas ultimamente, talvez porque estejam chegando fim. A única exceção e a aula de Cultural Diferences, da qual eu não gosto nenhum pouco. Fiz essa matéria por curiosidade mesmo, mas me arrependi de certo modo, pois não se trata de algo interessante e e muito superficial, abordando vários conceitos de modo totalmente comum e simples e se apegando a estereótipos, sem se quer definir o que e um estereotipo, para essa abordagem de culturas. Para mim, isso trata-se apenas de uma aula de “Diferenças culturais para administradores”, no qual o foco e apenas mostrar que existem pessoas diferentes no mundo. Depois de tantas aulas de antropologia, não consigo engolir as aulas dessa matéria. Mas tudo bem, já que as aulas acabaram e so resta a prova a se fazer.
Outra coisa sobre a semana passada foi que fiz uma das minhas provas de alemão (estou fazendo dois cursos de níveis diferentes para ver se melhoro), e acho que fui razoavelmente bem. O problema do alemão e que, apesar de eu saber a matéria e a gramática, o gênero das palavras pode fazer com que erros bobos sejam cometidos. E bem estranho pensar em “o Lua” e “a Sol”, mas e assim no alemão. Quando aparecem palavras que eu não conheço, não tem muito jeito e tenho que acabar chutando o gênero e, assim, apesar de saber a gramática, posso ter cometido erros bobos na prova.
Essa semana e a ultima de aulas efetivas restando as provas na semana que vem. Desejem-me boa sorte com elas!

Fiquei devendo falar sobre um outro festival suico do qual presenciei, que foi o Landesgemeine de Appenzell. Appenzell e uma pequena cidade (quase um vilarejo), que também e o nome de um dos cantões suicos. Na verdade, os appenzellers são de certo modo os baianos do Brasil, no que diz respeito ao estereotipo de serem preguiçosos. Há por aqui muitas piadas sobre essas pessoas, já que são considerados “caipiras”, atrasados e, por isso, devagares. Bom, esse Landesgemeine que me referi e o ponto alto da cidade no ano. Trata-se de um evento muito peculiar que pode realmente parecer ultrapassado. Trata-se de um método bastante antigo de votação, na qual, uma vez no ano, todos os habitantes do cantão se juntam na parca central da cidade para decidirem sobre certas questões, que vao desde a eleição de representantes ate a aprovação de leis que nem sempre são relevantes (esse ano votaram a proibição de se realizar caminhadas pelado nesse cantão! Essa lei foi aprovada, demonstrando o caráter conservador desse povo, que pode ser também constatado na tardia liberação do voto das mulheres somente em meados dos anos 90). O modo com a eleição e realizada e bastante diferente e reflete o que e a chamada democracia direta, na qual todos são responsáveis por varias das decisões que vao ser validas para a sociedade, ao contrario da democracia representativa, no qual as pessoas escolhem representantes para representa-los no congresso e tomar as decisões. Todos se juntam na praca e as medidas a serem votadas são apresentadas e sempre um ou outro sobem no tablado para defender ou criticar essa medida e no final e feita a pergunta sobre quem a aceita ou não e as pessoas levantam a mao para demonstrar sua opinião. E a contagem e feita a partir do numero de maos levantadas. Não vi nenhuma decisão de quase empate, mas acho que isso e raro devido ao estilo da eleição. Essa e uma das criticas feita a esse método, de que ele viola a anonimidade do voto, levando as pessoas a serem mais influenciadas por outras. Mas de qualquer maneira trata-se de um evento bastante interessante que so pode ser visto em pouquíssimos lugares.

Acho que não contei ainda também sobre um passeio que fiz ate a Áustria, numa cidade chamada Bregenz que fica na beira do lago Konstanz. Essa região do lago Konstanz, a propósito tem sido um dos meus lugares preferidos para se passear, já que o lago e muito bonito e agradável. Da tranqüilamente para se passar um dia inteiro so andando em torno do mesmo e seus jardins de primavera e ficar sentado nas pequenas prainhas observando o por do sol. Foi o que naquele dia, acho que duas semanas atras, no mesmo fim de semana que fui para Appenzell. Na verdade fui no horário do almoço para comer por la e acabei ficando ate a janta já que descobri um rodízio de sushis que estava muito bom, muito talvez devido a minha abstinência desse tipo de comida que tanto gosto. Como o restaurante so abriria para o jantar as 6 e meia, pude conhecer bem a cidade e aproveitar o logo, como já disse. Um evento que parece bem legal e tenho vontade conhecer algum dia e o festival de opera de Bregenz, que infelizmente so começa no fim de julho. As operas são encenadas num palco gigante sobre o lago, a céu aberto, o que deve proporcionar uma grande diversão. Para quem quer ter uma idéia desse festival, e so se lembra de uma cena do ultimo filme do James Bond, Quantum of Solace, na qual ele observa algum dos viloes durante uma apresentação deste festival.

Sobre operas e concertos tenho que dizer que tenho aproveitado bastante por aqui, mas não tanto quanto em Berlim e claro, dadas as menores possibilidades por aqui. Eu assisti uma Flauta Magica em Zurique semana passada que foi bem legal. Acho que a Flauta Magica sempre vai ser legal pra mim, já que talvez seja minha opera favorita. Foi uma montagem bem contemporanea, sem os ingredientes que tornam-na uma montagem “infantil” que sempre fazem e que e bem adequado, dado o enredo. Assisti também aqui mesmo em St Gallen, um concerto da Orquestra Jovem da Sucia, que junta vários jovens de todo o pais, uma vez por semestre para uma turne concertos. Talvez tenha sido a melhor orquestra jovem que já vi pois eram realmente bons. O repertório começou com uma peca estranha de um compositor suico, que escreveu uma espécie de concerto para violão de 13 cordas e orquestra. Confesso que não gostei muito dela, pois não parecia nem uma peca para orquestra nem um solo de violão. Mas depois do intervalo veio a peca pela qual eu esperava: a quinta de Mahler. Foi muito bem executada e isso eu posso dizer pois também trata-se de uma das minhas sinfonias favoritas e que conheço razoavelmente bem. Assisti na semana anterior a essa um concerto da orquestra sinfônica de St. Gallen, que foi bem interessante já que interpretaram um concerto para violoncelo que gosto bastante: o Dom Quixote de Richard Strauss. O solista era bastante bom, mas ocorreu um evento estranho no meio da peca que foi o violonceloo dele desafinar, o que fez com que ele trocasse de cello com o chefe de naipe dos cellos para que fosse afinado. Mas ele se saiu bem dessa e conseguiu receber seu violoncelo de volta e executar a peca muito bem, tudo sem nenhuma interrupção. As outras pecas do concerto foram uma suite do ballet Dom Quixote, mas do Rameau, que e um compositor barroco e “El Amor Brujo” de Manuel de Falla. Outro fator curioso sobre esse concerto foi o modo como tocaram a peca barroca. Os violinistas estavam segurando o arco no meio do mesmo e não no talão como normalmente se faz. Acredito que isso seja para tornar a sonoridade mais autentica em relação ao período da obra. Essa homenagem ao Dom Quixote e a musica espanhola se deve ao fato que no dia do concerto seria o aniversario de Cervantes, autor de Dom Quixote.

Bom, para terminar vou contar um pouco dos planos para depois das aulas , já que elas acabam na semana que vem. Daqui a dois fins de semana, meu pai e o Lucas vao chegar por aqui e vamos passear um pouco aqui por perto durante quase uma semana. Na quinta-feira, a Carol vai se juntar a nos e na sexta, vamos partir para Munique a partir de onde vamos viajar por uma semana. Esse roteiro com meu pai e o Lucas consiste em: Munique, Salzburg, Viena, Praga, terminando em Berlim. De la, meu pai e Lucas voltam para o Brasil e eu sigo viajando por mais ou menos um mês. Ainda não marquei minha passagem de volta, mas acredito que sera no dia 9 de julho, chegando dia 10. Bom, depois de Berlim, pretendo conhecer um pouco do norte da Alemanha, indo para Hamburgo e em seguida para Bremen, de onde vou pegar um vôo para Riga na Letônia (isso dia 9 de junho). De la, pretendo vir descendo pelo leste ate chegar em Munique dia 16, onde vou com a Carol assistir a um show da banda favorita dela, Dir em Grey, que vem do Japão para fazer uma turne pela Europa. Nessa descida pretendo passar por Vilnius na Lituânia e por algumas cidades na Polônia, como Varsóvia e Cracovia. Depois de Munique, provavelmente vou ate Budapeste e em seguida ate a Romênia, provavelmente ate a Transilvania e talvez ate a capital Bucareste. Depois disso, esta tudo um pouco indefinido, mas talvez siga em direção a Franca, passando pela Eslovenia, Croácia e pelo norte da Itália. Na Franca pretendo ir a Lyon e ao sul, na região de Provence e depois seguir para Barcelona e Madri. Provavelmente Madrid ser o lugar mais longe do resto da Europa que vou conseguir ir e de a pretendo voltar para Zurique para pegar o vôo de volta, mas passando por Franca (Bordeaux e Paris), Holanda (Amsterdã) e Bélgica (Bruxelas). Vai ser uma longa viagem, não sei se exatamente como esta escrito acima, mas espero poder aproveitar bastante. Se alguém tiver alguma sugestão de lugares para se conhecer, aceito sugestões (apesar de acreditar que estarei visitando praticamente toda a Europa turística, com exceção de Portugal e da Itália).

Bom, provavelmente vou estar bastante ocupado por aqui nas próximas semanas, mas espero que tenha tempo de escrever mais para o blog, nem que seja na forma de resumos como fiz outras vezes. (Na verdade, acho que quase todo mundo prefere a forma de resumos do que ter que ler esses longos textos monótonos...)

Provavelmente ha muitos erros de gramatica e ortografia, mas eu fiz o maximo nesse computador ingles...

domingo, 3 de maio de 2009

Primavera Suíça

Desde que voltei da viagem das minhas “férias”, fiquei com preguiça de ir viajar de novo. Na verdade, acho que não foi preguiça, porque até pesquisei viagens para o norte da Itália e para Viena, mas o preço fez com que eu ficasse com essa preguiça. Por isso, decidi ficar por aqui e aproveitar um pouco da primavera suíça.
Como já havia dito, fui jogar golfe. Eu realmente estava com vontade de fazer isso, muito talvez para usar os tacos novos e ver como me sairia com eles. Uma semana depois do meu retorno, numa terça-feira, dia 21 de abril, haveria um torneio de golfe que me disseram que era imperdível. Decidi comemorar o feriado no Brasil, participado e perdendo algumas aulas, apesar de algumas indefinições como o meio de se chegar até o clube de golfe. Alguns dias antes, olhei na internet onde era o campo de golfe e parecia perto de uma estação de trem (algo como uns 700 metros). Como não queria passar vergonha no torneio, precisava fazer uma seção de treinamento prévio e decidi experimentar no sábado anterior ao torneio em ir ao campo por conta própria, para bater algumas bolas no driving range. O caminho até a tal estação foi bem rápido, em torno de 20 minutos e lá chegando, já sabia o caminho pelo qual seguir, já que o trem havia passado ao lado do clube. Porém, fui parar numa vila minúscula e fui caminhar na direção da linha de trem. O problema é que não havia uma estrada para caminhar ao lado da linha, fazendo com que eu tivesse que andar por uma espécie de fazenda que tinha ao lado. Não sei se era proibido, porque não vi nenhuma cerca em volta, mas a grama estava bem alta e tinham alguns morros no caminho, que faziam com que a já pesada sacola de golfe ficasse mais pesada ainda. Depois de vinte minutos de caminhada cheguei e fui entender como funcionava para jogar lá. Sendo associado da associação de golfe da faculdade tinha um bom desconto e não foi caro pagar por algumas bolas para treinar. Os tacos se saíram bem, apesar do jogador estar um pouco enferrujado. Conheci um pouco do clube, que possui um campo com 27 buracos além de mais alguns de treino, além de ser bastante organizado. Depois de mais ou menos duas horas ali, onde aproveitei para tomar um lanche também, decidi tomar o caminho de volta e andar carregando a bolsa de novo. No final essa caminhada acabou sendo um bom treino para o campeonato, já que nele tive que carregar minha bolsa nas costas.
Na terça-feira, então, consegui uma carona para ir até o campo com o presidente da associação de golfe da faculdade que além de aluno da mesma, é um ótimo jogador de golfe. No geral, o campeonato foi bom e deu para se divertir bastante. Não acabei nem em último nem em primeiro, mas foi um bom resultado para quem não jogava a tanto tempo e nem conhecia o campo. O campo é um pouco diferente do de Mogi, tendo a distância para os buracos mais curta, porém exigindo uma precisão maior, ou seja, tendo que jogar mais reto e com mais controle. Resultado: nos primeiros buracos sofri para por a bola no campo e acabei perdendo algumas. Mas logo comecei a jogar melhor e consegui fazer 29 pontos, no sistema que eles usavam para fazer a classificação. Chama-se Stableford e, ao contrário do jeito tradicional, ganha quem fizer mais pontos. Os pontos são contados da seguinte maneira: se o jogador fizer seu par ajustado pelo seu handicap num buraco ganha dois pontos, se fizer um acima desse par 1 ponto e acima disso zero. O mesmo vale para baixo, se fizer uma tacada abaixo do seu par ganha três pontos e assim por diante... A vantagem desse método é que desconsidera os resultados muito ruins que um jogador obtém num buraco. Meus companheiros de jogo foram dois suíços, alunos da universidade de se comunicavam comigo em inglês. Ao final do jogo, teve um jantar que estava bastante bom e pude conhecer outras pessoas. No final, acabei pegando carona de volta com o mesmo que havia me levado e cheguei em casa cansado, mas não muito, depois do grande exercício que fiz (deve ser pelo treinamento de subir a montanha para a faculdade todo o dia).

Só alguns comentários sobre a temperatura por aqui, que não lembro se já fiz. Depois que eu voltei da Finlândia, o tempo aqui estava ótimo, com termômetros marcando temperaturas de em torno de 15 graus, mas estando talvez mais quente no sol. Tava dando pra sair só de camiseta quando tinha bastante sol, só sentindo um pouco de frio na sombra quando ventava. Essa semana, última semana de abril, entretanto, o tempo mudou um pouco, fazendo bastante frio de novo, com a temperatura chegando perto de zero novamente. Além disso, choveu um pouco, mas não muito. Esse fim de semana está nublado, mas com temperaturas agradáveis. Os suíços falam que o clima de St. Gallen é bem ruim mesmo, quando comparada com de outras partes da Suíça, por exemplo. Eles falam que o tempo é aleatório e pode fazer muito calor e muito frio na mesma semana. Não posso dizer que não estou acostumado com isso, porque no Brasil, pelo menos em São Paulo, é mais ou menos assim. Porém, há uma grande diferença, nesse esse aspecto entre os dois continentes. Aqui, na Europa, as estações do ano são realmente definidas, ao contrário do Brasil. Antes, no inverno, eu ficava me perguntando como seria no verão e na primavera, sempre quente? Haveria vida além da neve? Como já perceberam, a resposta é que sim e não. Não é sempre quente, nem sempre frio, é realmente uma estação intermediária. Não há mais neve e gelo, o que torna a paisagem totalmente diferente. Ao invés de um branco infinito, um verde pelos campos e montanhas. A natureza realmente se renova aqui de maneiras bem perceptíveis. Sobre isso, posso dizer que uma das minhas melhores compras que fiz nessa viagem, foi o livro do Fernando Pessoa, sob o heterônimo de Alberto Caeiro, numa edição bilíngüe, em português e alemão. Ler as poesias quando se está no trem vendo as paisagens é uma grande experiência. Até eu, que como todos sabem, sou muito mais de cidade do que de campo, passo a gostar mais dessas coisas de natureza com essa viagem para a Europa, além de é claro, entender muito melhor esse livro.

Quanto à relação entre as estações de ano e as cidades há muito que ser dito. Essa relação parece contraditória, já que as estações do ano são uma expressão da inevitabilidade da natureza e as cidades são a anti-natureza. Porém o que acontece por aqui é que as cidades não são grandes o suficiente para serem anti-naturais como São Paulo, por exemplo. Apesar de que o tamanho de uma cidade não é um fator determinante para se explicar essa relação, já que Londres, por exemplo, tem o Hyde Park que é grande o suficiente para uma pessoa se sentir fora da cidade. Mas pode ser dito que o Hyde Park não é natural, sendo “construído” dentro da cidade. É possível refutar esse argumento falando que o parque Trianon é natural. Afinal, então, o que é a cidade e o que é natureza? Acho que não dá pra se definir muito bem como já se deu pra perceber, mas que os europeus sabem lidar muito bem com isso, posso dizer que sim. Enquanto que fora das cidades dá pra se ver o branco se tornando verde, na cidade, essa diferença é muito mais sutil. Não há mais neve nas ruas, isso é óbvio, mas a grande diferença que eu percebo, está nas pessoas. A temperatura possui um papel fundamental nessa mudança, mas não é o único determinante disso. As pessoas não precisam ficar mais escondidas junto aos seus aquecedores e assim, elas aparecem agora. Parece que nascem pessoas nessa época, porque com certeza, eu não tinha visto tanta gente antes. Pode até fazer frio de novo, como fez essa semana, mas as pessoas continuam vindo para as ruas, o que mostra que não é a temperatura o fator único da mudança. O que eu percebo como outro fator é uma mudança na atitude e no nodo de pensar das pessoas. Elas simplesmente pensam “começou a primavera, então tenho que sair de casa”. Essa mudança de consciência não é apenas demonstrada por uma aceitação de um fato natural por um grupo grande de pessoas. Mas existe, na linguagem dos antropólogos, a presença dos rituais que marcam essa mudança. É aí que entram os festivais, como o que a Carol descreveu que acontece na Finlândia. Aqui na Suíça também há festivais de primavera, como já vou descrever.

O festival de primavera que eu presenciei aqui na Suíça, mas precisamente em Zurique foi o Sechseläuten, que acontece toda terceira segunda-feira de Abril naquela cidade. É um grande evento que é transmitido pela televisão principalmente por uma parte bastante simbólica que é ponto alto da festa: a queima do Böögg, um boneco de neve. Às seis da tarde (Sechseläuten quer dizer algo como o tocar dos sinos às 6 horas) uma fogueira com o boneco de neve simbólico no topo é acesa e eles só comemoram quando a cabeça dele explode. O significado disso é que quanto mais rápido isso acontecer melhor, em termos de temperatura, vai ser o verão. Bom, depois dessa breve explicação, vou relatar como foi esse dia.
Eu já havia lido sobre esse festival antes, mas não sabia certeza se ia, já que era em plena terça-feira e no dia seguinte seria o jogo de golfe e eu tinha que terminar de escrever um exercício para deixar para o meu amigo entregar numa aula que eu ia perder. Porém, logo de manhã, recebi uma mensagem de uma amiga me chamando para ir para Zurique junto com alguns outros, e acabei aceitando, já que é muito melhor ir para esses lugares com companhia. Tive porém, uma aula antes disso, logo após o almoço. Por volta das três da tarde pegamos o trem para Zurique, eu, a Luciana e o Felipe, que são da GV e a Débora, uma argentina. Chegando em Zurique, percebemos que era alguma coisa importante, pois todo o comércio estava fechado e a cidade estava bastante cheia. Não tínhamos muita informação a respeito de como seria o festival, por isso perguntamos na seção de informações. Entendemos que havia uma parada que ficava dando voltas em torno da cidade e fomos para lá ver. Era como um desfile de carnaval, com vários grupos, cada simbolizando algum tipo de profissão e, assim, vestidos com roupas relacionadas e carregando objetos característicos. Havia também os “carros alegóricos” que iam junto a esses grupos. Alguns desses, tinham bandas que iam tocando ao desfilar. Só um detalhe, que eu não entendi muito bem, é que só os homens desfilavam e se vestiam a caráter, enquanto as mulheres ficavam observando e levando flores para eles iram carregando. Sim, todos carregavam grandes quantidades de flores que iam recebendo de mulheres, que suponho que sejam conhecidas deles. Nós íamos observando a parada e caminhando em direção ao lago onde seria feita a queima do boneco de neve. Havia muitos turistas e pessoas na cidade naquele dia, fazendo com que andássemos bem devagar até lá. Mas observamos algumas coisas diferentes no caminho, como por exemplo, o grupo de pescadores jogando peixes nas janelas das casas que estavam abertas pelo caminho. E eles acertavam muitos! Bom, chegamos na praça do boneco, que fica em frente à ópera, mais ou menos meia hora antes de começar a queima. Já estava bem lotado e encontramos um lugar de onde pudéssemos ter uma boa vista. Vocês devem estar curiosos para saber como um boneco de neve queima e como a cabeça dele explode. Na verdade, não é um boneco de neve de verdade, e sim feito de rojões, que ficava no alto de uma fogueira bem grande feita de madeira. O melhor jeito de se imaginar isso, é pensar numa daquelas fogueiras que usavam para queimar bruxas, só que com um boneco no topo. Pontualmente às seis horas a fogueira foi acesa e depois de uns dez minutos o boneco começou a pegar fogo e explodir, mas a cabeça só explodiu depois de 17 minutos, o que é um tempo regular, que vai significar um verão mediano. Saímos de lá e voltamos para a estação de trem para pegarmos o trem de volta para St. Gallen, já que não havia nenhum lugar aberto para a gente comer algo. É claro que tudo era muito organizado e limpo e já havia muitos carros de limpeza pelas ruas que já colocavam a cidade em ordem. Os membros dos grupos que desfilavam iam para as suas sedes e continuavam a comemorar, comendo e bebendo. Por volta das 8 e meia, já tinha chegado em St. Gallen, para descansar para o dia seguinte.
É interessante que as pessoas participam efetivamente desse festival, levando as crianças para ver a queima, se vestindo e desfilando, levando flores... É claro que eles também usam esse feriado para beber e não trabalhar, mas o significado vai além disso. Não imagino os paulistanos participando de um desfile de sete de setembro, todos só usam esse dia pra viajar e causar trânsito. Apesar de parecer ser um ritual primitivo e sem sentido (por que achar que o clima vai depender da queima de um boneco?), ele funciona como um rito de passagem, havendo uma mudança na condição das pessoas depois disso. Esse é o ponto em que eu queira chegar, de que não é só a temperatura que muda as pessoas, mas alguns eventos feitos pelas próprias pessoas fazem isso. Nas cidades, como já disse, a mudança natural não é tão perceptível, por isso existem esses eventos culturais, reproduzidos pelas pessoas, que fazem que todos percebam isso. Aí se percebe o grande dilema antropológico da relação entre natureza e cultura. O que é natural e o que é cultural? Esses festivais são reproduzidos graças a uma tradição, que é cultural, mas estão associadas a eventos naturais. Essa espécie de mudança de comportamento que eu observei faz parte da natureza humana ou faz parte da cultura de que após tal dia começa a primavera? Pelo que já disse, existem evidências para os dois lados, de que as pessoas mudam porque está mais quente, mas também porque tomam consciência de que mudou a estação. Não dá realmente para se definir.
Quanto a essa parte cultural, existem sutilezas que fazem muita diferença, como o simples colocar de canteiros de flores no meio da cidade, que faz as pessoas se sentirem em contato com a natureza, vivenciarem a primavera. O mesmo ocorre com possuir um parque bonito e bem preservado no meio de uma metrópole, como no caso de Londres, que parece ter muito mais natureza do que São Paulo.

Acabei escrevendo algumas coisas um pouco complicadas, complexas e confusas, mas espero que de para se entender o que quis dizer. Acabei, também, me alongando demais e acho que vou deixar para outra hora escrever sobre outro “festival” que fui, que tem um caráter menos primaveral e mais cívico que são é o Landsgemeiden de Appenzell. Só para dar uma idéia, trata-se de um pequeno cantão suíço, onde as decisões são tomadas com base numa democracia direta, ou seja, todos votam para todas as decisões. E essas decisões são tomadas uma vez por ano, quando todos se juntam na praça central para votar. E o que torna esse evento mais exótico é o modo como ele acontece, com as decisões sendo tomadas com base na contagem do número de mão levantadas. Depois explico melhor.

Depois tenho que contar também sobre meus passeios nas cidades próximas do lago Konstanz/Bodensee, que tem sido ótimos exemplos da primavera européia.