quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Terceiro, quarto e quinto dias


Fiquei um tempo sem escrever porque estive um pouco ocupado aqui. Vou tentar por as coisas em dia agora.
Depois de voltar para o hostel, depois da última coisa que publiquei, demorei um bom tempo pra dormir. Na verdade, quase não consegui dormir. Foi o efeito da adaptação ao horário, que como já disse ainda não tinha acontecido ainda. No dia seguinte eu teria que acordar cedo, pois teria que ir fazer o meu registro na cidade, para me tornar legalizado aqui. Para isso eu teria a ajuda de um russo, que é do meu projeto. De qualquer modo, eu não estava conseguindo dormir e por isso fiquei no computador por um longo tempo. Nem sei se dormi alguma coisa, mas as 8 da manhã já estava de pé. Uma coisa que aconteceu nessa noite, e que é importante para a continuidade da história que se está desenrolando aqui é que os dois intercambistas que estão (ou estavam) no quarto do lado ao meu (o Adji, que é indiano, e o Uros, que é sérvio), chegaram por volta das 6 da manhã no hostel, voltando da balada e vieram com mais algumas pessoas e ficaram tocando fazendo barulho a essa hora da manhã. A mim não incomodou nada, mas as consequências disso (e de outras coisas mais que eles fizeram) ainda estão definidas.
Depois que acordei, mandei uma mensagem para o Wladimir, que é quem ia me ajudar no registro. Combinamos de nos encontrar as 10h30 na esquina da minha rua com a avenida principal e lá eu o encontrei com cinco minutos de atraso, porque eu estava trocando mais dinheiro. Seguimos andando e conversando até um lugar de tirar cópias, onde copiamos meu passaporte, o dele e meu registro de entrada. A conversa com ele foi bem interessante, porque ele estuda história e ciência política, de modo que tínhamos muitas afinidades nesses temas. Depois fomos ao banco pagar a taxa que não era muito alta, algo como 200 rublos (10 reais). Como ele tinha uma prova depois disso, ficamos de terminar o procedimento depois e eu aproveitei pra caminhar pela avenida principal, como eu ainda não tinha feito. É uma avenida não muito larga, mas com muitos prédios bonitos, como igrejas e outras coisas. Não estava muito frio e assim a caminhada foi bem boa. Fui até o rio que está completamente congelado e com muita neve em cima e depois voltei pra perto do lugar onde ia encontrar ele. No caminho passe i por algumas lojas interessantes, como algumas livrarias e uma loja de CDs de música clássica. As livrarias não têm muitos livros em inglês, mas eu achei divertido ficar andando pelas prateleiras e tentando decifrar os nomes escritos em cirílico. É um pouco estranho ver as capas de livros internacionais com títulos em cirílico (como as do Jamie Oliver, que são idênticas no Brasil), porque parece que tem alguma coisa estranha. Fiquei um tempo no café de uma livraria, que parece que é a mais importante da cidade e admirando a paisagem da cidade até que a Carol me ligou e assim, fui para o Subway, que fica logo ao lado para usar o Skype e poder por mais tempo e de graça. Foi bom conversar com ela, porque era a primeira fez que eu falava com ela depois que ela tinha chegado na Índia e ter enfrentado os problemas que ela está tendo por lá (Vejam: yami-land.blogspot.com). Quando a bateria do meu celular estava quase acabando eu voltei para o hostel para carregá-la, mas logo que cheguei o Wladimir me ligou e fui encontrar com ele. Fomos até o correio e terminamos o registro, onde tive que pagar uma taxa de mais uns 200 rublos. Demorou por volta de 20 minutos, o que ele me disse que foi rápido, pois às vezes chega a demorar quase 2 horas. Quando saímos de lá, pedi pra ele me sugerir um restaurante pra comer pela região e ele me indicou um muito bom, no qual eu passei a comer todos os dias, desde então. Como ele tinha algum tempo sobrando ele almoçou comigo e ficamos conversando sobre diversos temas, como política, militares, Brasil e Rússia. Depois ele teve que sair e nos despedimos com a perspectiva de continuar tão interessante conversa.
Voltei para o hostel, mas não tinha mais planos para o dia. O pessoal de lá tinha saído (depois eu descobri que eles tinham ido comprar passagens para viajar depois do ano novo e patins para patinar de novo) e eu estava sozinho no meu quarto. Não sabia o que ia fazer, mas aí chegou uma menina que ia ficar no mesmo quarto que eu por uma noite. Ela estava um pouco desconfiada a princípio, mas quando viu que eu era brasileiro, logo se acalmou, pois ela também era, e contou tudo o que tinha acontecido com ela até então. Foram muitos problemas que a coitada teve, mas não sei se todos por azar somente ou por inexperiência. Vou lista-los a seguir e tomem suas conclusões sobre isso. Ela teve suas malas extraviadas e elas não tinham chegado ainda, mesmo depois de quase uma semana. Ninguém foi busca-la no aeroporto e ela pegou um taxi e pagou muito caro por isso. Ela foi acomodada numa casa de família, que ela considerou muito pobre, já que ela teve que dormir num colchão no chão e que o local em que ela tinha que tomar banho era no meio da sala. Um dia ela chegou e o casal que a acomodava não estava lá e ela foi até uma vizinha, que, de acordo com ela, tentou agarrá-la e beijá-la. Depois ela disse que tinha sido expulsa do lugar onde estava morando, porque o casal ia viajar. Eu sei que ela teve muitos problemas, que estavam além do controle dela, mas ela cometeu alguns erros fatais, sendo o principal não saber falar inglês. Não sei como ela veio até aqui. O inglês dela é bem ruim, mesmo quando comparado com o dos russos que não falam bem. Eu até tive que falar com uma menina da Aiesec pra ela no telefone, porque ela não conseguia. Até então eu estava com dó dela, porque vi nela uma espécie de “Júlia da viagem pela América do Sul”, um pouco inocente em relação às viagens e que só precisaria de alguma ajuda pra melhorar. Eu tenho a impressão de que eu fiquei mais tolerante com as pessoas, porque agora vejo que viajar não é tão fácil como é para mim ou para a Carol. Então ela disse que precisava ir comprar carregadores para a câmera e para o computador dela, que estavam na mala extraviada. Como não tinha nada de especial pra fazer, acabei aceitando ir com ela e ainda mostrar o lugar onde teria isso. Como eu já tenho uma certa experiência em Europa, eu sabia que o Mediamarkt, seria o melhor lugar pra comprar isso. Então, procurei na internet e a acompanhei (na verdade a levei, porque ela não sabe como pegar um metro), até o shopping onde fica essa loja. É um pouco longe do centro, mas consegui chegar lá sem problemas. Na medida em que fui conversando com ela no caminho, fui percebendo que os problemas dela não são só a inexperiência, mas a tendência que ela tem de se fazer de vítima da situação. Isso é uma coisa que eu não gosto de jeito nenhum.
De qualquer modo, quando chegamos ao shopping, por uma coincidência muito grande, os outros intercambistas estavam lá, mas logo eles saíram para um outro shopping. Eu ajudei a menina a comprar as coisas que ela precisava, porque caso contrário ela não conseguiria. Eu aproveitei pra comprar um fone pra eu poder falar no Skype. Depois voltei para o hostel e fiquei descansando lá por um tempo. Não sabia se as pessoas iam fazer alguma outra coisa, como sair para algum bar, então tomei um lanche com as coisas que tinha comprado no supermercado. Já era quase 11 da noite e se os outros fossem sair para algum bar eu estava disposto a fazê-lo e voltar lá pras 2 da manhã, porque no dia seguinte eu teria que trabalhar. Mas como as pessoas são muito lerdas e só saíram depois da meia-noite, fiquei no hostel com os outros meninos. Nós ficamos conversando sobre várias coisas, mas logo recebi uma ligação de um membro do meu projeto de que eu teria que preparar um apresentação para fazer no dia seguinte e que o horário tinha sido mudado das 14 horas, para as 10. O que significa que eu dormi pouco de novo e passei boas parte da noite (e da manhã, quando acordei mais cedo) preparando essa apresentação. Como todos podem perceber, a Aiesec daqui também não é muito bem preparada e bem confusa. Pedir pra preparar uma apresentação a uma da manhã, pra ser apresentada as 10 do dia seguinte, sem dar muitas outras informações sobre o que é para ser dito não é uma coisa muito boa. Eu já aceitei que as coisas não funcionam muito bem por aqui e, desse modo, vou tentar aproveitar a minha estadia de outros modos além do trabalho. Vou tentar aproveitar a cidade ao máximo, porque ela é fantástica e tentar fazer bastantes amigos, porque os russos são impressionantemente receptivos e simpáticos.
No dia seguinte, então, acordei cedo, terminei a apresentação e me arrumei para sair. Era pra ir eu, uma brasileira (Tatiana) e o indiano (Adji), mas esse último não quis ir porque estava muito cansado. Foi uma coisa errada o que ele fez, mas não o culpo totalmente, porque ele está aqui a um mês e meio e não teve oportunidade de trabalhar em nada, por isso ele está saindo todas as noites e não se importando com mais nada. Saímos um pouco atrasados, mas a menina que ia nos buscar na estação, que era um pouco longe, também se atrasou, por isso deu tudo certo. Fomos caminhando até a escola, mas não tínhamos muitas informações sobre o que teríamos que fazer e sobre a escola também. Quando chegamos lá fomos recebidos por algumas mulheres que acho que eram as professoras e nos encaminharam para um pequeno auditório. Eu reparei que tinham muitas fotos do Cervantes nas paredes e que haviam alguns livros em espanhol nas prateleiras, mas nada além disso. Uma coisa interessante que reparei é como os adolescentes daqui se vestem bem para ir a escola. Eu tentei me vestir bem usando uma camiseta polo e uma malha, mas eles são muito mais bem arrumados, vestindo paletós e as meninas salto. A escola era bem bonita, com uma coisa curiosa que era um corredor grande com salas para se guardar casacos. Bom, a apresentação foi estruturada do seguinte modo: primeiro a menina russa, Alexandra (nome cujo apelido normalmente é Sasha, mas como tem muitos Sashas, ela prefere ser chamada de Lex), iria apresentar a Aiesec e falar um pouco sobre o projeto; depois eu e a Tatiana iriamos nos apresentar e falar sobre Brasil; por fim, dividiríamos a sala em duas partes pra ficar mais fácil de responder as dúvidas que tivessem e talvez falar mais sobre o projeto. A presentação da Lex, deu um pouco errado, porque teve um problema no pen-drive e ela teve que mostra o vídeo direto do You Tube. Como ela ficou falando em russo, não pude entender quase nada. Na nossa apresentação a plateia, formada por cerca de 60 adolescentes de 14 a 17 anos, não prestou muita atenção e não acreditou muito que eu era brasileiro. O problema é que eles não entendem bem inglês e por isso não tem muito interesse. A Tatiana estava um pouco nervosa, mas acho que eu consegui fazer bem a apresentação, porque quando dividimos a sala várias pessoas fizeram várias perguntas. Na verdade tivemos que mudar de sala, porque estava muito barulhento e na nova sala foi um pouco melhor. Nesse momento eu descobri, graças a uma pergunta de um garoto, de que era uma escola espanhola e que todos entendiam espanhol lá, melhor do que inglês. Adivinhem o que eu fiz pra tentar ganhar a confiança deles? Sim, eu comecei a falar espanhol (ou portunhol), e eles ficaram bem mais interessados, apesar de rirem um pouco do meu jeito estranho e confuso de falar espanhol. No final, acho que tudo deu certo, apesar de eu não entendido ainda, naquele momento o que eu estava fazendo lá.
Na volta para a estação de metro, a Lex explicou que a apresentação servia para introduzir o projeto na escola e que se houvessem interessados, eles formariam uma turma e iniciariam em Janeiro. Ela disse também, que os alunos do último ano, que estão prestes a entrar na faculdade estavam bem interessados, porque eles acham que as aulas que vamos dar podem ajudar na preparação para os exames de entrada (tipo vestibulares). O propósito do projeto não é esse, mas se eles tiverem interesse acho que posso preparar aulas nessa direção. A Lex nos acompanhou na viagem de volta até nossa estação e almoçou conosco no mesmo restaurante em que eu havia almoçado com o Wladimir. Ela é da Sibéria e é bem legal, tanto que convidou os intercambistas a ir passar o ano novo na casa dela junto com outros colegas dela. Provavelmente vou aceitar o convite dela junto com um outro brasileiro, o Glauber, porque os outros querem ver os fogos na praça do Hermitage e querem ir pra baladas. A queima de fogos é minha segunda opção, mas como vai estar muito frio e cheio, acho que prefiro vê-los pela televisão. Baladas, sem chance, porque não é uma coisa que eu gosto muito e acho que não tem muito sentido ir pra uma na noite de ano novo, porque essa noite seria transformada numa outra noite qualquer.
Depois disso, voltei para o hostel e fiquei descansando lá por um tempo. A internet estava funcionando, por isso descobri que iria ter um concerto bem legal no Mariinsky Concert Hall, com o Valery Gergiev regendo. Esse maestro russo é também regente da Filarmônica de Londres e um dos melhores do mundo. Como os ingressos não eram muito caros e ainda tinham bastantes, decidi ir e convidei os outros. O indonésio, Bagas, que tem sido meu melhor amigo aqui, o Lucas, brasileiro e o Cícero, outro brasileiro que acabou de chegar, me acompanharam. Essa sala de concerto não é muito perto do metro e por isso tivemos alguma dificuldade de chegar lá, mas conseguimos em cima da hora, depois de pegar um taxi no caminho. A nossa sorte é que os russos são atrasados e começaram o concerto com meia-hora de atraso. O programa era peças de dois compositores russos: Mussorgski e Sviridov. O primeiro é famoso pelos Quadros de uma Exposição, mas eles tocaram músicas que nunca tinha ouvido falar, com exceção das Canções sobre Amor e Morte que foram interpretadas por um grande baixo russo chamado Mikail Petrenko. Sobre o segundo compositor, nunca tinha ouvido falar, mas uma das peças, para coral, baixo e orquestra, chamada Petersburgo era bastante interessante. Essas duas citadas foram os destaques do concerto para mim. Meus amigos também gostaram, mas dormiram nas canções do Mussorgski que foi o melhor da noite para mim. Foi o primeiro concerto ao qual todos foram, por isso eles não estavam acostumados com os procedimentos e os instrumentos e eu os fiquei ensinando algumas coisas.
Antes de ter ido para o concerto, na verdade, eu fiquei algum tempo no hostel e aquela menina que estava dividindo o quarto comigo estava me enchendo, fazendo perguntas do tipo “onde vc foi?”, “o que vc vai fazer?”. Eu não quero ninguém controlando minha vida, por isso fiquei meio que cortando ela, pra que ela cão ache que eu vou ficar ajudando ela o tempo todo. Na verdade, ela foi para Portugal naquele dia e queria ajuda até o aeroporto porque não sabia ir sozinha, mas eu disse que já estaria ocupado. Incrível como as pessoas se acomodam com a ajuda dos outros. Tem outra menina também que é bem desse jeito e fica se intrometendo n a vida dos outros e não sai do meu quarto, porque é onde a internet funciona às vezes. Eu tenho que expulsá-la todas as noites, mesmo que seja 2 ou três da manhã e ela ainda assim fica um bom tempo lá.
Depois do concerto, voltamos para o hostel, mas logo eu, o Bagas e a Thainá (que obviamente é brasileira) fomos para o Irish Pub pra comer algo e para usar a internet. É onde eu estou agora também, no dia seguinte a esse. Quando voltei para o hostel fiquei mais algum tempo conversando com as pessoas e depois fui dormir. Foi uma noite mais tranquila porque não precisava acordar cedo.
Hoje acordei com a Carol me ligando contando sobre seu novo trabalho que parece que não vai começar mais imediatamente. Depois tomei banho, fui até a cozinha e tomei meu café da manhã usual ( aquele mingau da foto) e fiquei conversando com as pessoas que iam acordando. Tentei ligar para a Lex, já que ela pediu que eu confirmasse quem iria para o ano novo da casa dela, mas não tive sucesso. Algumas pessoas iriam para o Hermitage hoje, mas eu não queria ir, porque não quero ir em grupo lá pra aproveitá-lo melhor. Me lembro do curso de antropologia que fiz esse semestre, no qual o principal argumento é de que tudo o que fazemos, das menores às maiores práticas são dadas por nossas experiências anteriores. Como eu estudei bastantes artes nesse curso, minha maneira de vê-las mudou e acho que não faz sentido ir com outras pessoas, que querem ver só as coisas principais e de um modo bem corrido. O que aconteceu é que eu recebi uma mensagem de uma menina russa convidando eu mais quem eu quisesse para ir a outros museus, como a casa do Puchkin e um museu de fotografia. Eu aceitei e convidei outros a ir, explicando que eu não queria ir os Hermitage com muitas pessoas. Acabou sendo bem divertido, apesar da Katya, essa menina, não falar bem inglês. Ela gosta bastante de tirar fotos e fomos a um museu de fotografia, que era bem legal. Depois íamos para a casa do Puchkin, mas estava fechada e fomos comer no meu restaurante usual. Acho que não falei sobre ele ainda, mas vou fazê-lo agora. Ele é em estilo cafeteria, no qual vc tem um balcão e escolhe o que quer comer e paga somente por isso. Eles tem uma boa diversidade de comida, como boas saladas, boas sopas, carnes e acompanhamentos (batata e arroz, por exemplo). Como é comida de verdade, com tempero russo, e é razoavelmente barato estou indo lá sempre e comendo comidas diferentes, sem ter me enjoado ainda.
Depois de ter voltado para o hostel, tirei um cochilo e depois as pessoas ficaram conversando sobre a situação do hostel que vou relatar aqui. O hostel é um hostel comum, para viajantes, mas eles estão recebendo os intercambistas e cobrando uma taxa especial pra Aiesec daqui. Mas com o fim de ano, a demanda por camas aumenta e assim, o acordo com a Aiesec passa a ser menos benéfico para eles e, assim, eles querem expulsar os intercambistas de algum modo de lá. Desse modo, eles pediram para os meus vizinhos de quarto, Adji e Uros, a sair do hostel por causa da “festa” daquele dia e porque eles estão fumando dentro do quarto. Acho que é uma situação em que ninguém está errado, mas algo deve ser feito pra evitar problemas posteriores. A Aiesec daqui não está ajudando muito, como por exemplo, em relação a minha mudança que era pra ter acontecido. Hoje, o meu quarto, no qual eu estava sozinho estará com os outros três meninos do hostel, o Bagas, o Lucas e o Glauber, para que as camas onde eles estavam possam ser ocupadas por outros hóspedes que pagam mais. Tomara que outros problemas não aconteçam.
Não tenho muitos planos para os próximos dias ainda, mas acho que não vou viajar para longe como muitos irão fazer. Qualquer novidade eu conto aqui!
Continuem olhando as fotos e comentando!

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Fotos!

Descobri um jeito bem divertido (e fácil pra mim) de poder compartilhar imagens com todos. Tem um aplicativo para iphone chamado Instagram que possui algumas opções de edição de imagens bem legais. Além disso, ele publica as fotos automatica e simultaneamente na internet se vc quiser. Assim, como estou com meu iphone aqui e no meu chip russo funciona uma conexão 3G (não sei como) que é razoavelmente barata, estou usando esse aplicativo para colocar fotos. Não vão ser fotos como as da outra câmera, já que a câmera do iphone não é tão potente, mas acho que as edições tornam as fotos bem interessantes.
Bom, o site onde estão as fotos é: http://www.flickr.com/photos/dutsato/
Essas fotos não estão em ordem cronológica, porque deu um problema na hora de publicar, mas vou tentar mantê-las na ordem a partir de agora.
Não esqueçam de comentar nas fotos que vcs acharem legais (ou não) também!

domingo, 26 de dezembro de 2010

Segundo e terceiro dias


No final, acabei indo até um restaurante com os brasileiros para comemorar o Natal, apesar de estar muito cansado. Era um restaurante variado, que tinha desde pizza até sushis, acabei optando pelo primeiro e dividindo com o Glauber. Era uma pizza de margherita, mas não estava boa, porque não tinha muito sabor. Depois voltei para o hotel e hibernei, acordando só a uma da tarde, pouco antes de ir pra uma apresentação que teria na sede da Aiesec. Ainda não entendi muito bem qual é a universidade em que eu fui, porque não estou entendendo bem o alfabeto ainda, mas acho que logo vou estar bom nisso. Fui com os outros brasileiros que estavam morando no mesmo lugar que eu, pois não tinha a menor ideia de como ir sozinho. A maioria deles é bastante inexperiente em viagens e contatos culturais e está ficando bastante juntos o tempo todo, o que eu não acho interessante. Mas apesar disso, tenho andado junto com eles, porque tenho precisado de ajuda. A apresentação foi longa, porém interessante. Os russos (na verdade as russas, porque a grande maioria das pessoas que conheci são meninas) estão sendo bastante simpáticos e acolhedores. Primeiro foi uma integração, com algumas brincadeiras para que as pessoas se conhecessem melhor. Depois uma dinâmica sobre os principais problemas que podem acontecer por aqui e suas soluções. Foi bom porque deu pra entender a quem recorrer em relação a diversos assuntos. Depois disso teve uma conversa sobre o projeto na qual vou trabalhar. Vou começar o trabalho mesmo só lá pro dia 10 de janeiro, mas enquanto isso tenho que ir preparando algumas coisas e ir aprendendo outras. Na terça feira vou visitar a escola onde vou trabalhar para conhecer um pouco mais dela. Não tem muita gente no meu projeto ainda, mas parece que tem outras pessoas vindo. Por fim, teve uma breve apresentação sobre a Rússia e São Petersburgo.
Terminadas as apresentações, começou uma pequena festa de integração, com direito a brigadeiro (que os brasileiros chamam de negrinhos, talvez por ser a maioria do sul) e paçoca. Tiveram também algumas atividades de integração e uma apresentação sobre o Brasil, que eu achei bem fraca, pois passaram uma visão muito superficial sobre o país. Eu teria feito diferente, mas não posso falar muito porque eu não preparei nenhuma apresentação. Tive a oportunidade de conversar com bastantes pessoas e tirar bastantes fotos, o que foi bem interessante. Saindo de lá, fui coagido a ir pra uma balada com os outros, apesar de não estar muito a fim disso. Não gosto muito de baladas no Brasil, mas queria saber como seria uma festa na Rússia e não me arrependi, mesmo que tive que ficar até quase as 6 da manhã, quando o metro abre. A balada que eu fui é completamente diferente de todas que já fui no Brasil, sendo muito bem decorada e muito divertida. Eram dois ambientes, um com mesas e bom para conversar e beber e uma pista de dança, onde a música não era tão alta como no Brasil e diferente, porque tocava um tipo de black music em russo, além de outros tipos de música (até a banda brasileira Cansei de Ser Sexy). Ao todo, contando intercambistas e russos conhecidos eramos em mais ou menos 15, o que foi bastante bom, porque deu pra conversar com diversas pessoas. O sotaque russo é bem fácil de entender e fiquei bastante tempo na parte mais silenciosa. Na parte da pista tinha uma mesa de pebolim, na qual dava pra jogar, além de um balanço. Gostei bastante apesar da minha aversão inicial. Não preciso dizer, que voltei muito tarde e dormi bastante de novo. Desse jeito vou continuar vivendo em horário brasileiro e não me adaptar ao horário russo.
Acordei por volta do meio dia e fui tomar meu café da manhã na cozinha/sala do hostel onde estou hospedado. Vale fazer um parêntesis sobre o hostel. Ele está localizado bem no centro da cidade, perto de uma avenida principal, que não sei bem o nome, mas tem a ver com Nevski. Saindo dessa avenida, temos que entrar numa rua que parece estar em reforma, mas também está cheia de neve, por isso, são poucos os lugares onde os carros podem passar. Deve ser uma rua meio chique porque tem lojas da Louis Vitton e da Dior, que está localizada bem onde entramos num beco para chegar no hostel. O hostel fica no quinto andar, por isso tive uma certa dificuldade de chegar lá no primeiro dia com as bagagens. Tem duas senhoras que trabalham lá, mas não sei se são as donas, uma fala inglês e a outra francês. Ainda bem que eu entendo um pouco dessa segunda língua, porque senão a comunicação seria um pouco difícil. Estou num quarto sozinho, que é um pouco frio, mas não muito. Deu pra dormir bem nas duas primeiras noites. Esse quarto é numa porta diferente do hostel, mas no mesmo prédio e mesmo andar, o que faz com que toda vez eu tenha que tocar a campainha, quando tenha que ir no banheiro, por exemplo. Vamos ver se vou me mudar amanhã, como me disseram. No hostel tem vários brasileiros, dois homens, Glauber e Lucas e várias garotas, que acho que não sei o nome de todas. Há também o indonésio que se chama Bagas e é uma figura, com quem fui comer no Subway ontem antes de ir pra festa, além de um indiano e um sérvio. Na rua do hostel tem alguns pubs também, como esse em que estou agora e que é bem legal, porque eles tocam musicas boas, como Franz Ferdinand, e o borsch que acabei de comer estava muito bom. A internet não está funcionando direito, por isso não sei se vou conseguir publicar isso e o relato anterior. É bom ficar sozinho um pouco também...
Já que comecei a fazer parêntesis, vou falar um pouco sobre o clima. É bastante frio mesmo, estando em média -10. Essa temperatura não é um grande problema, já que as roupas que eu tenho, como a bota e o casaco que comprei em New York protegem bem. O problema é o vento que trás rajadas de neve bem frias, que doem em contato com o rosto. Mas apesar disso, não me incomodo muito com isso, pois foi uma escolha minha e estava preparado pra isso. Não reclamo como os outros brasileiros fazem e não saem de ambientes fechados. Sobre a vodka russa, ela é bastante boa mesmo, ontem na festa tomei alguns shots, mas eles não são tão fortes como no Brasil, sendo bastante suaves e mesmo saborosos, mesmo sendo a mais barata que eles tinham. Quanto ao nível de preços, para mim, por enquanto acho que é exatamente o mesmo do Brasil. Tomando como base o Subway, por exemplo, gastei num sanduiche grande e um refrigerante cerca de 300 rublos que é o equivalente a mais ou menos 15 reais, o que é o mesmo que custaria no Brasil. A entrada da balada custou 130 rublos, o que é mais barato que no Brasil, pela qualidade do local em que fui.
Bom, voltando ao relato de hoje. Quando acordei, por volta do meio dia, estavam todos dormindo, com exceção do indonésio e de uma brasileira. Tomei meu café da manha, composto por chá e um tipo de mingau que a russa que me ajudou no supermercado que aconselhou a provar e que foi aprovado. Os planos para hoje eram ir para a pista de patinação no gelo, mas isso só seria as 6 horas, então decidi caminhar pela cidade, algo que não tinha feito ainda. Fui até a Spill Blood Catedral (catedral do sangue derramado), que fica a cerca de 3 quadras do hostel e caminhei por essa avenida principal. Uma brasileira, Tainá e o indonésio me acompanharam, nessa caminhada de cerca de duas horas, que terminou com uma parada num café, onde comi um tipo de folhado de nozes que estava bastante bom apesar de um pouco doce, combinando com meu cappuccino, que tomei sem açúcar. Tirei algumas fotos da cidade, mas ainda falta muito pra visitar. Amanhã acho que tenho que fazer o registro da minha estadia aqui, mas provavelmente vou ter tempo de ir em algum lugar mais. Estou com muita vontade de ir ao teatro assistir a um concerto, um ballet ou uma ópera, mas a programação mais interessante será na semana depois do ano novo. Eles tem duas festas de ano novo aqui, além do Natal, que é no dia 7 de janeiro. O novo ano novo é no dia 31 de dezembro, enquanto que o velho ano novo é no dia 13 de janeiro. Tem a ver com o calendário gregoriano. O metro aqui é bem bonito, com diversas arcadas e painéis, aos quais não se pode tirar fotos com flash, por se tratar de uma zona militar. Vai entender a lógica disso...
Bom, depois da caminhada e do café voltamos para o hostel, mas no caminho encontramos os brasileiros que estavam indo pro ice-skating. Assim, fomos direto com eles para o metro e para o local onde encontraríamos alguns russos que nos levariam até a pista de patinação. A estação era um pouco longe e depois tivemos ainda que andar um pouco até o local. Não entendi muito bem o que era, mas parecia um clube público, onde as pessoas pagam uma taxa para entrar e depois podem usar das outras coisas que tem lá. Parecem ter vários lagos, mas que agora estão congelados, de modo que as pessoas vão lá pra patinar no gelo ou esquiar, com aqueles esquis do estilo de esqui nórdico. Preferia o esqui, porque com os patins quase não consegui ficar em pé, mas acho que se for mais algumas vezes, logo pego o jeito. De qualquer modo foi só uma hora que passou bem rápido, com muitos tombos, mas sem nenhum machucado. A menina que russa, que descobri que estuda sociologia também, patinava muito bem, sabendo fazer uns giros muito divertidos. Depois de lá, voltei para o hostel, só para pegar o meu computador e vir para o pub que eu achei interessante por fora e comprovei por dentro. Estou terminando de comer meu frango que eu pedi e depois volto pro hostel, sem antes tentar um pouco mais publicar algumas fotos...

Primeiro dia


A viagem foi muito boa, apesar das expectativas de problemas. No Brasil, tínhamos a previsão da greve dos aeroportos, enquanto na Europa era bem possível problemas com a nave, como havia ocorrido com os voos para Paris. Meu pai, a tia Lena e a Carol estavam no aeroporto comigo, onde pouco de embarcar comemos comida japonesa do Gendai. Depois entrei na parte do embarque e fui direto para o portão 10, só comprando um chiclete no free shop. Na fila para o embarque, um cara que estava perto de mim começou a conversar comigo e eu até suspeitei inicialmente, mas depois vi que não era nada demais. Ele era indiano de Chennai, no sul da Índia, mas ele tava vindo da Guiana e indo pra Singapura (fazendo conexão em Amsterdam assim como eu). Ele falava um inglês bastante difícil de entender, por isso o diálogo só fluía pela boa vontade de ambos e da minha interpretação. Pelo que eu entendi ele trabalhava em uma empresa de marketing e ficava viajando o mundo todo, tendo até me mostrado o seu passaporte. Além disso, parece que ele tinha ficado esperando a conexão dele em São Paulo, por umas 20 horas, isto é, ele tinha ficado muito tempo por ali.
No avião eu sentei na poltrona 27C, no corredor, e do meu lado ficaram outros dois brasileiros, uma mulher de aproximadamente 30 anos e um homem mais velho. A mulher ia para Paris, enquanto o homem contou uma história bastante interessante. Ele ia pra Delft, na Holanda, visitar uma holandesa que conheceu a mais ou menos 30 anos atrás. Essa mulher, que hoje tem 77 anos, meio que o adotou como filho na época em que estava no Brasil, já que ele, vindo do nordeste com vários irmãos não tinha condições de estudar. Parece que ele se formou na faculdade graças a ela e ela também pagou boa parte da casa em que ele mora até hoje. Era um homem bastante simples, porém bastante empolgado em reencontrar sua mãe holandesa.
O avião era um 777-300, eu acho, e o voo foi bastante bom, muito melhor que o Delta que pegamos para os Estados Unidos. Tinha telinhas individuais, além de um serviço de bordo bastante bom. As opções de entertainment eram bem boas, tendo desde diversos jogos, como também muitos filmes e inclusive uma performance da Orquestra do Concertgebouw tocando a segunda de Mahler, que eu assisti com muito prazer. Os canais de música eram bons também, havendo um canal que passava trechos de todas as sinfonias de Mahler com diversos regentes que passaram pelo Concertgebouw. O serviço de bordo era bastante frequente, isto é, passava diversas vezes, além de ter a comida bastante boa, apesar da diversidade ser restrita ao usual “chicken or pasta”. Não consegui dormir muito durante o voo, só o fiz mais na parte final, quanto estávamos quase chegando em Amsterdam. Eu estava um pouco preocupado com o tempo, já que teria pouco mais de uma hora pra pegar o outro voo para St. Petersburgo. Entretanto, não houve qualquer procedimento de imigração, limitado a um funcionário da companhia aérea que mal olhou os passaportes. Assim, foi tranquilo chegar até o outro voo, apesar dos portões de chegada e embarque serem um pouco longes.
O segundo voo foi num avião pequeno, com a maioria de russos. O serviço de bordo foi bom também, com uns pães frescos deliciosos. O voo durou só umas duas horas e meia, o que é pouco comparado com o outro de pouco mais de 11 horas. O avião chegou no horário em St Petersburg, e apesar dos temores, não houve problema nenhum na entrada na Rússia. A mulher só verificou meu passaporte e carimbou. A mala que eu havia despachado chegou direito e assim que eu saí tinham pessoas esperando por mim. Eram duas russas, uma chamada Anastasya e outra que eu não lembro o nome, um intercambista indonésio e um russo, que não falava inglês. Ele me trouxeram até o hostel onde estão os outros intercambistas e onde vou ficar provisoriamente também. Pegamos um micro ônibus até o metro, um metro e andamos pelo frio congelante da cidade. O que aumente o frio é que a cidade é muito seca e com bastante vento, fazendo com que os -10 graus pareçam muito mais frios. De qualquer modo a cidade parece, à primeira vista, belíssima, com diversos prédios bonitos e com muita neve. Adivinhem qual a nacionalidade predominante dos intercambistas? Como sempre, brasileiros! São vários, já contei pelo menos 5, de diversas partes do Brasil. Talvez daqui a pouco a gente saia pra comemorar o Natal, que não é comemorado aqui nessa data. O hostel é bastante estranho e parece um pouco improvisado. Mas dá bastante a impressão de estar na Rússia, não sei muito bem porque. Mas vai ser bom se der pra eu me mudar daqui, como parece que vai acontecer na próxima segunda-feira, porque os quartos são bastante frios. Ainda bem que eu comprei meu casaco em New York, caso contrário não seria fácil aguentar o frio. Depois que deixei as coisas no hostel, as duas garotas russas foram me ajudar em algumas coisas que eu precisava fazer, como trocar dinheiro, comprar um número de celular e fazer compras no supermercado. Tava um pouco difícil de conversar no começo, porque eu fiquei bastante surdo com o pouso aqui em St. Petersburg, mas aos poucos foi melhorando. As coisas não são muito caras por aqui e acho que não vou precisar gastar muito dinheiro com a sobrevivência. Não sei vou sair ainda agora que é quase Natal, ou ficar descansando da longa viagem... De qualquer modo, meu número de celular é +7 911 278 8152.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Volta de New York e St. Petersburg!

Estou embarcando hoje pro inverno russo de St. Petersburg. As malas já estão praticamente prontas e espero que não tenham muitos atrasos no voo até Amsterdam, já que a minha conexão lá é um pouco corrida.
New York foi muito bom, porque deu pra passear bastante e conhecer muitos lugares, apesar de todos os conflitos que surgem em uma semana de concivência em tempo integral. Deu pra comprar bastantes roupas pra enfrentar o inverno europeu, que parece estar bem rigoroso esse ano. Seguem algumas fotos:



Artic Char, uma das minhas comidas favoritas!



Lucas em estilo russo, na frente do Metropolitan



Bagunça do hotel



Jogo de basquete



Foto clássica na frente da árvore do Rockfeler Center



Central Park



Descansando no Central Park



Almoço com o Jake no Les Halles



Almoço no Oyster Bar



Frio!

Assim que eu chegar na Rússia eu tento escrever as minhas impressões de lá! Até lá, se eu não virar picolé!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Россия

É... Pra quem sabe ler nesse alfabeto, já pode saber pra onde eu vou em breve... A cidade é Санкт-Петербург, acho que pelo número de letras dá pra adivinhar. Outra dica: tá -20 graus lá hoje!