domingo, 26 de dezembro de 2010

Primeiro dia


A viagem foi muito boa, apesar das expectativas de problemas. No Brasil, tínhamos a previsão da greve dos aeroportos, enquanto na Europa era bem possível problemas com a nave, como havia ocorrido com os voos para Paris. Meu pai, a tia Lena e a Carol estavam no aeroporto comigo, onde pouco de embarcar comemos comida japonesa do Gendai. Depois entrei na parte do embarque e fui direto para o portão 10, só comprando um chiclete no free shop. Na fila para o embarque, um cara que estava perto de mim começou a conversar comigo e eu até suspeitei inicialmente, mas depois vi que não era nada demais. Ele era indiano de Chennai, no sul da Índia, mas ele tava vindo da Guiana e indo pra Singapura (fazendo conexão em Amsterdam assim como eu). Ele falava um inglês bastante difícil de entender, por isso o diálogo só fluía pela boa vontade de ambos e da minha interpretação. Pelo que eu entendi ele trabalhava em uma empresa de marketing e ficava viajando o mundo todo, tendo até me mostrado o seu passaporte. Além disso, parece que ele tinha ficado esperando a conexão dele em São Paulo, por umas 20 horas, isto é, ele tinha ficado muito tempo por ali.
No avião eu sentei na poltrona 27C, no corredor, e do meu lado ficaram outros dois brasileiros, uma mulher de aproximadamente 30 anos e um homem mais velho. A mulher ia para Paris, enquanto o homem contou uma história bastante interessante. Ele ia pra Delft, na Holanda, visitar uma holandesa que conheceu a mais ou menos 30 anos atrás. Essa mulher, que hoje tem 77 anos, meio que o adotou como filho na época em que estava no Brasil, já que ele, vindo do nordeste com vários irmãos não tinha condições de estudar. Parece que ele se formou na faculdade graças a ela e ela também pagou boa parte da casa em que ele mora até hoje. Era um homem bastante simples, porém bastante empolgado em reencontrar sua mãe holandesa.
O avião era um 777-300, eu acho, e o voo foi bastante bom, muito melhor que o Delta que pegamos para os Estados Unidos. Tinha telinhas individuais, além de um serviço de bordo bastante bom. As opções de entertainment eram bem boas, tendo desde diversos jogos, como também muitos filmes e inclusive uma performance da Orquestra do Concertgebouw tocando a segunda de Mahler, que eu assisti com muito prazer. Os canais de música eram bons também, havendo um canal que passava trechos de todas as sinfonias de Mahler com diversos regentes que passaram pelo Concertgebouw. O serviço de bordo era bastante frequente, isto é, passava diversas vezes, além de ter a comida bastante boa, apesar da diversidade ser restrita ao usual “chicken or pasta”. Não consegui dormir muito durante o voo, só o fiz mais na parte final, quanto estávamos quase chegando em Amsterdam. Eu estava um pouco preocupado com o tempo, já que teria pouco mais de uma hora pra pegar o outro voo para St. Petersburgo. Entretanto, não houve qualquer procedimento de imigração, limitado a um funcionário da companhia aérea que mal olhou os passaportes. Assim, foi tranquilo chegar até o outro voo, apesar dos portões de chegada e embarque serem um pouco longes.
O segundo voo foi num avião pequeno, com a maioria de russos. O serviço de bordo foi bom também, com uns pães frescos deliciosos. O voo durou só umas duas horas e meia, o que é pouco comparado com o outro de pouco mais de 11 horas. O avião chegou no horário em St Petersburg, e apesar dos temores, não houve problema nenhum na entrada na Rússia. A mulher só verificou meu passaporte e carimbou. A mala que eu havia despachado chegou direito e assim que eu saí tinham pessoas esperando por mim. Eram duas russas, uma chamada Anastasya e outra que eu não lembro o nome, um intercambista indonésio e um russo, que não falava inglês. Ele me trouxeram até o hostel onde estão os outros intercambistas e onde vou ficar provisoriamente também. Pegamos um micro ônibus até o metro, um metro e andamos pelo frio congelante da cidade. O que aumente o frio é que a cidade é muito seca e com bastante vento, fazendo com que os -10 graus pareçam muito mais frios. De qualquer modo a cidade parece, à primeira vista, belíssima, com diversos prédios bonitos e com muita neve. Adivinhem qual a nacionalidade predominante dos intercambistas? Como sempre, brasileiros! São vários, já contei pelo menos 5, de diversas partes do Brasil. Talvez daqui a pouco a gente saia pra comemorar o Natal, que não é comemorado aqui nessa data. O hostel é bastante estranho e parece um pouco improvisado. Mas dá bastante a impressão de estar na Rússia, não sei muito bem porque. Mas vai ser bom se der pra eu me mudar daqui, como parece que vai acontecer na próxima segunda-feira, porque os quartos são bastante frios. Ainda bem que eu comprei meu casaco em New York, caso contrário não seria fácil aguentar o frio. Depois que deixei as coisas no hostel, as duas garotas russas foram me ajudar em algumas coisas que eu precisava fazer, como trocar dinheiro, comprar um número de celular e fazer compras no supermercado. Tava um pouco difícil de conversar no começo, porque eu fiquei bastante surdo com o pouso aqui em St. Petersburg, mas aos poucos foi melhorando. As coisas não são muito caras por aqui e acho que não vou precisar gastar muito dinheiro com a sobrevivência. Não sei vou sair ainda agora que é quase Natal, ou ficar descansando da longa viagem... De qualquer modo, meu número de celular é +7 911 278 8152.

Um comentário:

  1. Que legal amor!! xDDD As coisas meio improvisadas e velhas tem cara de russia. Meu hostel era assim, num predio bem velho, esquisito, mas muuuito legal xDDD Enquanto vc esta morrendo de frio, eu estou morrendo de calor no inverno indiano. Ate os 14 graus que tava qdo eu cheguei eram quentes =P

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