terça-feira, 8 de março de 2011

Back home

Já estou de volta em casa. Não deu pra escrever durante a viagem pela Bélgica e pela Holanda, mas foi uma viagem bem aproveitada. Passamos por Antuérpia, Gent, Bruges e Bruxelas, todas na Bélgica e depois voltamos para Amsterdam, de onde saí para conhecer Rotterdam e Haia, numa rápida viagem de um dia. Aos poucos fui me recuperando e logo no começo da semana passada já estava podendo comer normalmente. Minhas energias aos poucos foram se recuperando, após alguns dias dormindo bastante bem num tour por hotéis Ibis. As cidades todas, apesar de várias semelhanças. são bastante diferentes entre si, cada uma com algumas especificidades que as tornam interessantes de serem visitadas.
Mas um momento especial para mim foi quando consegui, após praticamente implorar na porta, ingressos para assistir a Oitava Sinfonia de Mahler com a orquestra do Concertgebouw no sábado. Essa é uma sinfonia especial para mim, porque nunca conseguia ingressos para assisti-la (foi minha terceira tentativa, a primeira frustrada pela chuva no Rio, a segunda pela ausência de ingressos durante o Carnaval em Luzern, na Suíça). Era também a última sinfonia desse compositor que faltava pra eu ver ao vivo. Valeu muito a pena. A orquestra do Concertgebouw, que é uma das três melhores do mundo, junto com Berlim e Viena, regida pelo seu maestro titular, Mariss Jansons e um coral de mais de 300 vozes, na sala de Amsterdam é realmente especial. Uma oportunidade quase única que valeu o esforço, que coroou mais um fim de viagem, também muito especial. Quem sabe coloco mais alguns comentários aqui ainda. De qualquer modo, até a próxima(viagem ou postagem)!!

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Notícias de Amsterdam

Olá! Obrigado a todos pelos comentários, mas não precisam ficar preocupados comigo, já que aos poucos estou melhorando.
Ontem de manhã eu achava que já estava quase totalmente recuperado e me sentindo bastante bem, mas o dia me mostrou que não era bem assim. Talvez fosse efeito da overdose de soro que tomei no hospital antes de vir que me fez ficar com muita energia. Busquei minha mãe no aeroporto, após uma bela noite de sono. O vôo dela chegou adiantado e, por isso, pudemos ir tranquilamente para o Concertgebouw para assistirmos o concerto da Filarmônica de Berlim. Chegamos com uma hora de antecedência e pegamos os ingressos e paramos num café para comermos algo. Pedi um sanduíche de carne, bastante simples e leve, mas que não me caiu bem, a partir da seunda parte do concerto. O médico havia dito que eu não tinha nenhuma restrição alimentar, mas esse não era o caso. Hoje estou numa dieta de maçãs e biscoitos água e sal, pra ver se me recupero de vez, porque a tentação é grande. Os supermercados daqui são fantásticos com diversas coisas deliciosas, incluindo os chocolates Cotê d'Or cuja versão de supermercado eu nunca vi em nenhum outro lugar do mundo. Comprei uma barra só pra servir de incentivo pra eu melhorar. Tomara que isso aconteça logo, porque amanhã vamos para a Bélgica.
O meu ritmo aqui, desse modo, tem sido mais devagar do que sempre, porque não tenho energia pra ficar o dia inteiro fora, sem poder comer direito. Por isso, ficar num hotel Ibis, como vamos fazer provavelmente no resto da jornada tem sido uma boa idéia, já que fico parte subtancial do dia dentro do quarto. O clima não ajuda muito, porque tá uma chuva bem chata e um frio que incomoda, principalmente pelo vento. Ontem depois do concerto voltamos caminhando para a estação de trem, cruzando o centro turístico e parando em alguns poucos lugares. Antes de irmos embora vamos ter a oportunidade de voltar pra mais uma caminhada pela cidade, espero que com uma saúde melhor. Hoje fomos para o festival de flores da Holanda que ficava numa cidadezinha a 45 minutos ao norte de Amsterdam. É impressionante a variedade e o tamanho das tulipas que eles cultivam aqui, mesmo no inverno. Foi bem legal e bonito, mas depois de passar o fim da manhã e boa parte da tarde fora, precisava voltar para o hotel para descansar. Acho que, pelo menos nos primeiros dias de viagem pela Bélgica, o ritmo vai ser meio reduzido. Espero melhorar pra poder me abastecer de mariscos, batatas fritas e trapistas, que custam por volta de 2 euros (no Brasil, nunca é menos de 20 reais, quando a gente encontra). Se eu não melhorar, vou comprar ingrdientes e livros de receitas, pra que os cozinheiros de plantão, incluindo o Pit, que parece estar bastante dedicado no seu ofício, possam replicar tudo o que eu passar vontade aqui.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Finalmente em Amsterdam!

Cheguei hoje em Amsterdam, depois de uma longa jornada desde a Índia. É estranho pensar que três dias atrás saí de Jaipur com destino a Delhi, peguei o avião para Moscou, depois para St. Petersburg, parei por uma noite lá e cá estou em Amsterdam. É impressionante, não?

Mas não foi tão simples assim... Some a isso a alguma comida indiana condimentada, que resulta numa intoxicação e disenteria seguida de infecção e uma noite no hospital tomando soro e antibióticos. Não foi uma viagem fácil, mas estou me recuperando bem e vou poder descansar um pouco aqui antes de seguir viagem para outros lugares aqui na Holanda e na Bélgica.

As viagens de avião de Delhi para Moscou e para St. Pete foram bem sofridas, porque eu não estava me sentindo nada bem e não conseguia comer, o que resultou numa fraqueza enorme, de modo que carregar minha mochila foi uma tarefa dificílima. Ainda teve um belo atraso de uma hora e meia no primeiro voo, que já era no ridículo horário das 4h55 da manhã. O que significa que eu tive que sair do hotel de Delhi uma da manhã, ou seja, sem poder dormir direito. Quando cheguei em Moscou tive que remarcar minha passagem pois tinha perdido a conexão. Todo o dinheiro russo que eu tinha reservado para comprar souvenirs nesse último dia que teria foram para pagar taxis, porque eu não tinha condições de andar de ônibus e de metro. Logo que eu cheguei no hostel, liguei o mais rápido que pude para o seguro para agendar uma consulta. O seguro, apesar de um pouco burocrático na ligação, foi bem eficiente e me mandou para um hospital ótimo e internacional, onde a maioria das pessoas falava inglês. Quando apresentei os meus sintomas para o médico ele logo recomendou que eu ficasse internado para observação e para realização de exames por uma noite. Eu aceitei, porque sabia que precisava de, no mínimo, tomar um pouco de soro, porque estava muito, muito fraco. O que foi bom era o hospital que era excelente, sem cara de hospital, parecendo um hotel dos bons, melhor do que eu fico nas viagens por aí (na verdade, estou no Ibis de Amsterdam agora e o quarto do hospital era bem maior, além do fator preço, que o seguro bancou tudo). Depois de muitas coisas colocadas na minha veia e algumas boas horas de sono, me sentia bem melhor e o médico me liberou para seguir viagem. Estou me arriscando a comer algumas coisas agora para que eu vá acostumando aos poucos, ao mesmo tempo em que tomo os remédios indicados pelo médico. Coisas de viagem, que acho que não vai ser a última vez que vai acontecer, principalmente quando se arrisca pratos locais... À propósito, um dia antes de ir embora de Jaipur eu comi na janta curry de cérebro de cordeiro, que estava tão bom e não acho que tenha sido a causa dos meus problemas...

Toda minha programação para St. Pete foi por água abaixo com isso. Não deu pra me despedir dos meus amigos, nem para organizar melhor a viagem para aqui. A passagem acabou sendo despachada junto com a mala grande, o que parecia não ser um problema, já que tudo está registrado eletronicamente nos computadores. Foi tudo bem na viagem até chegar no aeroporto e passar pela imigração. Eles me pediram a passagem e não estava comigo, eles me pediram a reserva do hotel e não tive tempo de imprimi-lá, olharam para minha cara, com a barba por fazer e uma mochila bem grande e encaixaram no estereótipo de um imigrante ilegal. Tive que ir até uma salinha da polícia, abrir meu e-mail, mostrar minhas passagens, a reserva do hotel, responder a um questionário que o policial fazia várias vezes as mesmas perguntas, pra saber se eu estava mentindo e ainda mostrar meu dinheiro. Depois de uma meia hora recebi meu carimbo e pude vir para o hotel. Eu perdi o concerto da Filarmônica de Berlim que eu já tinha comprado a alguns meses, mas eu já sabia que isso seria bem provável, porque não deu pra alterar a data do meu vôo. Ainda bem que vai ter outro amanhã, com outro programa, mas tomara que seja igualmente bom. Minha mãe chega amanhã também e, assim, vou ter companhia pelo resto do fim da viagem.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Na India

Ola a todos!
Tudo certo aqui na India, tava um pouco dificil de encontra tempo e internet pra poder colocar coisas aqui e ja esta quase na hora de ir embora, mas antes tarde do que nunca. Estamos em Jaipur, uma cidade em Rajasthan, onde acabamos de chegar depois de um dia bem corrido de viagens. Chegei em Delhi na sexta feira bem cedinho (5 da manha) e tive dois dias para conhecer a cidade, suas principais atracoes e descansar um pouco. A viagem tem sido bem corrida, mas mesmo assim ta dando pra aproveitar bem. Ontem, domingo, estivemos em Agra, cidade do Taj Mahal, que e bem impressionante ao vivo. Hoje de manha fomos a uma cidade perto de Agra chamada Fatehpur Sikri, onde tem uma especie de castelo bem bonito. Viajamos bastante, mas depois conto melhor como foi isso. Vao ser duas noites aqui em Jaipur e depois voltar para Delhi para eu ir embora e a Carol continuar a aventura para Varanasi.
Nao da pra descrever tudo o que acontece aqui na India, porque sao muitas coisas diferentes e exoticas ao mesmo tempo, mas que ao mesmo tempo parecem bem familiares para nos brasileiros. O que me impressionou de estranho foi o transto caotico das cidades, onde nao existem regras, como contramao ou conversoes proibidas. Pode-se fazer tudo. Ainda bem que eles andam bem devagar, se nao seria bem perigoso. A comida nao me decepicionou de maneira nenhuma. E muito boa e muito variada. Existem tantas variedades diferentes, tantas combinacoes de especiarias que acho que se precisa de mais de um ano e uma bela viagem para se experimentar de tudo, afinal as variacoes sao bem regionais tambem. A Carol queria me mostrar as comidas de Hyderabad, mas por essas regioes mais ao norte nao e possivel encontra-las. Acho que nao e tao facil encontrar acaraje em Sao Paulo e chimarrao na Amazonia tambem, nao?
Na quinta de manha volto pro frio, mas no dia seguinte ja embarco pra Holanda pra continuar a viagem num destino completamente diferente.
Comentem aqui pra eu saber que as pessoas estao lendo e eu continuar escrevendo!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Istambul 3, bye-bye St. Pete e Índia

Amanhã no começo da tarde saio de St. Peteresburg, com destino a Delhi, na Índia, fazendo uma escala em Moscou. Vai ser muito bom reencontrar a Carol de novo, além do sol, como já disse. Vou colocar mais algumas fotos de Istambul pra completar o relato sobre aquela viagem.

Pra esquentar (ou esfriar), umas fotos do fim janeiro em St. Pete


Esfinge egípicia comprada por algum czar maluco, pra congelar



O rio Neva. O detalhe é essa pequena poça, onde as pessoas nadam no inverno numa comemoração que tem



Só no meio dele tem um pouco de água líquida



O sol nas ruas da Turquia



Entrada do palácio do sultão



Os jardins



A residência dele que tem vista para o mar



Aqui é no harém, onde as mulheres deles ficavam



Também no harém



Essa é a Blue Mosque, uma mesquita bem grande que fica na praça central



Um detalhe mais de perto



Aqui é a Hagia Sophia, que já foi o centro do império romano, mas foi um pouco transfigurada pelos árabes



Um dos mosaicos que tem lá dentro



Outro mosaico



A muralha de Constantinopla



Cruzeiro pelo Bósforo



Detalhe do barco



Ponte que liga o oriente ao ocidente, a Ásia à Europa



No fundo, é o começo do mar negro



Os kebabs turcos podem ser bons, mas os sanduíches de peixe são muito bons também

Bom, é isso por enquanto. Tomara que eu também tenha ótimas fotos da Índia!



terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Vídeo do Winter Camp

O pessoal do acampamento de Kostroma memandou o vídeo que elesfizeram sobre a semana que passei por lá. É bem legal relembrar os bons momentos, masum pouco estranho ver meu depoimento... Confiram e me digam o que acham!

http://www.youtube.com/watch?v=BkpZiSAkGe4

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Últimos dias em St. Pete


Faz um bom tempo que eu não escrevo, mas por preguiça do que por estar muito ocupado. Voltou a ficar bem frio, por volta de -20 de novo, depois de alguns dias de alívio, com a temperatura por volta de zero grau. É bem estranho o tempo aqui, porque quando a gente acorda e vê o sol brilhando, significa que está muito frio. Dias nublados são mais amenos, mas em compensação possuem maior probabilidade de neve. As pessoas que eu conheci por aqui também estão, aos poucos, indo embora, mas eu também já me vou. Estou um pouco cansado da cidade e da vida aqui, não sei exatamente porque, mas não estava muito motivado com o trabalho, que apresentou alguns problemas ultimamente, e talvez por não estar muito confortável por aqui. Morar num hostel é bom por algum tempo, mas chega uma hora que cansa. É estranho não ter um canto seu, em que você pode ficar confortável e tranquilo. O problema ainda é maior porque eu não tenho algo como uma biblioteca ou uma universidade para ir e estudar, ou usar o computador em paz. Por isso, nos últimos dias, sou um assíduo frequentador de cafés, indo todos os dias pelo menos uma vez pra ficar lendo ou só descansando. Aqui a cultura de cafés é bem difundida, havendo vários por todas as ruas e sempre com muitas pessoas se esquentando. Mas minha principal ocupação nas últimas duas semanas tem sido frequentar teatros e apresentações musicais, que é o que eu gosto de fazer pra passar o tempo. Tive companhia algumas vezes, fui sozinho em outras, mas é estranho não ter com quem conversar e discutir sobre as impressões sobre as performances. Eu fui a três ballets e a dois concertos desde sábado passado. A trilogia do Tchaikovski (A Bela Adormecida, O Lago dos Cisnes e O Quebra-Nozes) foi muito boa, diferente do que eu esperava em alguns sentidos, mas me impressionou em outros. Eu achava que ballets eram muito mais entediantes, mas não são. Pelo menos aqui, num dos teatros mais tradicionais do mundo, onde esses ballets foram estreados, ou pelo menos executados com a presença do compositor, as produções são muito bem produzidas. Os cenários, os figurinos, a música e a dança são muito bons. Na verdade eu não entendo de dança, por isso não sei se era realmente bom, ou se foi só minha impressão, mas foi bem divertido. Eu achava que O Quebra-Nozes seria o mais legal, mas não foi isso que eu achei, porque tem bem pouca dança e a estória não é tão divertida, como os outros dois. O Lago dos Cisnes foi o meu preferido, principalmente depois de ter assistido ao filme O Cisne Negro, que está nos cinemas agora e eu recomendo fortemente.
Quanto aos concertos, foram dois: o primeiro somente de um cravista russo, tocando as Variações Goldberg de Bach, que são belíssimas; e segundo da Filarmônica de São Petersburgo tocando uma peça do Luigi Nono chamada Il Canto Sospeso, que é difícil de se entender, porém com ideias bem interessantes (esse compositor tem um mote que ele usou no fim da vida que eu achei genial: “Caminantes, no hay camino, hay que caminar”) e a sétima sinfonia de Beethoven. O recital de cravo foi muito bom porque eu gosto muito dessa peça. Uma menina de Taiwan que mora no mesmo hostel estava lá, mas não gostou muito, por achar entediante, já que a execução dura mais de uma hora. O concerto da orquestra foi muito bom também, porque combinou uma peça extremamente de vanguarda, com uma compreensibilidade bem difícil a primeira audição, baseada no serialismo integral da escola de Darmstadt, que eu estudei ano passado num curso sobre Filosofia da Música; com uma das sinfonias mais felizes e divertidas de Beethoven. A sala da filarmônica é muito bonita e tem muita história também, sendo, talvez, a mais antiga que eu já visitei. Todos os compositores russos mais importantes, como Tchaikovski e Stravinsky, além de vários outros, como Mahler e Richard Strauss, executaram suas peças ali. Essa sala é que aparece no documentário sobre o Nelson Freire, onde ele ensaia o Concerto nº2 de Brahms.
Fora essas atividades, não tenho feito muito turismo, porque cansei disso um pouco. Na verdade, terminei o Hermitage alguns dias atrás, na minha terceira visita ao museu gigantesco. Tem muitas igrejas e museus para visitar, mas não estou com muita vontade de fazer isso. O trabalho me ocupou vários dias durante essas semanas, mas não foi muito bom, porque não estava muito motivado mais. Um dos motivos para isso foi que estava começando a ficar muito repetitivo, já que teve algumas aulas que eu dei 12 vezes e que as coisas não estavam indo muito bem. O pessoal do meu projeto estava ocupado com outras coisas e ocorreram alguns problemas, sendo que um foi bastante inconveniente para mim. Na segunda-feira passada eu fui esquiar numa pista que tem aqui perto e foi bem divertido porque, apesar de a última vez ter sido ainda na Suíça, eu estou ficando bastante bom, não tendo caído nenhuma vez, ao contrário dos principiantes que foram comigo. No caminho pra estação, que levou mais de uma hora, recebi uma ligação da coordenadora de uma das escolas que ficou reclamando de diversas coisas para mim, sendo que quem deveria ter ouvido isso era o pessoal da Aiesec que estava em Moscou numa conferência, onde o telefone não funcionava. Ela foi um pouco grossa e reclamou com a pessoa errada, já que eu fui o único que não faltei nenhuma vez e cumpri com todos os compromissos. Fiquei bem desmotivado, mas continuei os últimos dias de trabalho e ainda estou trabalhando essa semana, não mais dando aulas, mas instruindo os novos trainees que vão continuar com o projeto. Eles também são um pouco displicentes, não tendo ido para o trabalho hoje e me deixando esperando na estação por uma hora, mas não tenho o que fazer. Não vou ficar cobrando gente crescida a cumprir com suas obrigações. Não vim aqui para isso.
Nos próximos três dias, meus últimos aqui, vou terminar esse trabalho, acompanhar meus amigos que partem para o aeroporto, comprar souvenirs, comer em bons restaurantes, coisa que não fiz muito bem ainda e planejar o resto da viagem. Uma coisa que eu fiquei bem feliz de ter feito hoje foi ter comprado uma câmera soviética (http://www.sovietcams.com/index.php?-1170803771, é a terceira foto) ainda de filme, mas muito legal, que vou usar pra usar no resto da viagem. Eu planejava levar caviar para o Brasil, mas não é possível porque ele tem que ficar refrigerado o tempo todo e é caro o suficiente para me desencorajar a correr o risco. Mesmo comer caviar aqui acho que vai ficar para a próxima vez, porque não cabe no meu orçamento (a degustação dos três tipos de caviar, em pequena quantidade, cerca de 15 gramas de cada, custa cerca de 200 dólares). Então acho que vou comer os peixes já nascidos e crescidos e outros pratos russos, que vão sair mais em conta e talvez sejam mais apetitosos.
A viagem para a Índia está quase chegando e estou um pouco ansioso pelo calor e pela companhia, já que estou um pouco solitário aqui, principalmente porque hoje é Valentine’s Day e que a previsão para amanhã é de -27. Já reservei um hotel para a primeira noite em Delhi e assim que a gente chegar lá a gente vai decidir o que a gente vai fazer pelo resto da semana. Vamos ver qual vai ser a minha impressão da Índia.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Novidades

Depois de ir ao consulado umas três ou quatro vezes, finalmente meu visto está pronto e agora está tudo certo pra ir pra Delhi.
Estou na minha temporada de ballet, já que o trabalho anda bem escasso. Depois escrevo melhor como tem sido. Posso adiantar que eu não esperava que seria tão bom.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Istanbul – parte 2


No segundo dia em Istanbul, após tomar o café da manhã novamente no hostel, eu saí com o brasileiro para o Grand Bazaar, onde ele queria comprar algumas coisas, porque naquele mesmo dia partiria para a Bélgica. Demos uma volta ali e ele gastou seu dinheiro restante e eu pude conhecer um pouco mais da negociação turca. Depois, fomos para a Blue Mosque, já que ela fica bem perto do hostel e é de graça para entrar. Foi a primeira vez que eu entrei numa mesquita e é bem interessante, não muito diferente de uma igreja, mas com alguns costumes que eu não conhecia. Devem-se tirar os calçados para entrar na parte interna, mesmo que não seja possível visitar toda a mesquita, mas somente a parte reservada para turistas. A parte de dentro tinha uma cúpula bem alta e bonita, além de diversos mosaicos e vitrais. Na verdade, por ser um local com muitos visitantes, não parece algo muito autêntico, como um local religioso. O que é interessante em relação a cidade é que existem alguns momentos em que toda a cidade para pra fazer algum tipo de reza, nos quais se tiram os calçados, lavam-se os pés, estendem-se os tapetes e ajoelham-se neles, ao mesmo tempo em que os minaretes cantam algum tipo de hino religioso. É algo bem bonito e dá um toque especial ao ambiente da cidade. Talvez toda cidade com predominância de muçulmanos seja assim, mas como essa foi a minha primeira, me impressionou bastante. No caminho de volta para o hostel, passamos no museu dos mosaicos, que fica perto da mesquita, na verdade embaixo da mesma. Trata-se de um mosaico gigante, acho que deve ter uns 50 x 10 metros e é do tempo dos romanos. Se não me engano é o maior mosaico romano do mundo. Ele fica no local original onde foi encontrado, sobre o qual os árabes construíram diversas coisas, como a mesquita. O Not que me deu a dica desse museu e valeu a pena. Depois disso, voltamos para o hostel e ali almoçamos, para meu colega, a seguir, partir em direção ao aeroporto. Fui, então, para a Hagia Sofia, que, como já disse, era o centro do império bizantino. Talvez seja o principal ponto turístico da cidade, mas se trata de uma construção bastante misturada e eclética, na qual os árabes fizeram diversas mudanças para adaptar uma igreja cristã aos seus padrões. Cruzes foram transformadas em detalhes de mosaicos da arte turca, os símbolos cristãos, como alguns mosaicos de Jesus e Maria foram cobertos, foram construídos diversos símbolos muçulmanos e para sultões, entretanto, com o tempo e pesquisas, tudo isso foi descoberto, nos dois sentidos da palavra. Assim, ao adentrar no prédio o que se vê é uma grande mistura de símbolos, todos com sua importância, que foram se acumulando com o passar do tempo. Nesse sentido, que eu vejo Istanbul com uma importância histórica magnífica, porque foi o centro do mundo, tanto no Ocidente, quanto no Oriente e tudo foi sobreposto significando pra cada cultura algo completamente distinto. Quando nós vamos a esses lugares, imaginamos os diversos mistérios que estão ou estiveram expostos ali e, mesmo que não possamos compreendê-los, sabemos que existe algo especial ali.
Depois dessa visita, decidi outra sugestão do Not, que esteve em Istanbul no ano passado e fui visitar a muralha de Constantinopla, que era a defesa da cidade até a derrota para os turcos no século XV. Achei estranho que ela não aparecia em nenhuma indicação turística da cidade, mas mesmo assim fui até lá conferir. Eu pretendia caminhar por ela, mas o mal tempo e a má conservação da mesma não me permitiu fazer isso. Estava chovendo e ventando bastante e a muralha estava completamente suja, com muito lixo, o que me deixou um pouco receoso de continuar nesse caminho. Como não foi um símbolo adaptado pelos árabes e permaneceu como símbolo da derrota dos romanos, acho que eles não dão a importância devida e esse, que poderia ser um dos melhores pontos turísticos da cidade. Perto dali, tem um museu chamado Panorama 1453, que eu não recomento, porque só conta a história da batalha e possui uma espécie de reconstrução em 360 graus de como foi a invasão turca. Nada de mais. Voltei, então, para o hostel para me esquentar um pouco, mas logo depois voltei para a parte mais ocidental da cidade. Ali fui jantar, numa rua cheia de restaurantes de peixes e, pelo menos no que eu comi, era bastante bom. Depois dei mais uma volta e voltei para o hostel. Chegando lá, conheci meu novo room mate, um australiano, que estava morando no Irã para aprender persa, e saímos um pouco para um bar na frente do hostel. A francesa do meu quarto se juntou a nós e pudemos conversar um pouco e ouvir a boa música que tocava ali.
No dia seguinte já tinha meu plano: pegar o ferry para um passeio pelo Bósforo e voltar pelo lado asiático da cidade. O canal do Bósforo é a ligação do Mar Megro ao Mar de Mergara, que é uma espécie de continuação do Mediterrâneo, e divide a cidade na parte europeia e asiática. Quando estava tomando o café da manhã o australiano apareceu e se juntou a mim para o passeio. Até a entrada do mar negro são duas horas de barco passando por palácios de sultões e algumas pontes bem grandes. Não estava um dia muito bonito, mas mesmo assim foi legal ter uma perspectiva diferente da cidade. No final, de onde dá pra se ver o Mar Negro tem uma fortaleza romana, mas ela estava fechada para escavações arqueológicas. Ao invés de esperar o barco de volta por três horas, já tinha planejado em voltar de ônibus por terra, pelo lado asiático. Foi uma experiência divertida voltar nos ônibus comuns, sem falar turco e passando por bairros bem diferentes do centro turístico. Paramos pra trocar de ônibus uma hora, mas seguimos até um lugar onde podíamos pegar outro barco pra cruzar de volta para o lado europeu. Nessa última parada, tinham algumas mesquitas bem bonitas e menos turísticas que entramos e vimos algumas pessoas rezando. As mesquitas não eram tão pomposas como a Blue Mosque, mas de algum modo, pareciam ter algo de mais religioso. Já era perto das três da tarde quando paramos para comer um sanduíche de peixe, que custou muito barato e era delicioso. Na volta para o hostel passamos pelo Spice Bazar e por um café, onde pudemos descansar um pouco. De volta para o hostel, conhecemos melhor os novos companheiros de quarto, dois suíços, da parte italiana, mas que moram em Zurique e duas chilenas de Santiago. Como era domingo, não havia muitos lugares bons para sair, então decidimos ficar no bar do hostel, onde nos divertimos bastante conversando por bastante tempo. Uma coisa que deixa as viagens e os lugares bem interessantes é a companhia. Quando se encontra pessoas legais, os lugares passam a ser bem mais divertidos e as memórias dos mesmos também.
No dia seguinte acordei antes dos outros para me despedir da cidade com uma pequena caminhada. Nela, aproveitei para gastar minhas últimas liras na Cisterna, que fica embaixo do centro histórico. É uma espécie de lago subterrâneo do tempo dos imperadores romanos, que foi preservada e reformada e, apesar de ser um lugar pequeno e rápido de ser visitado, vale a pena. Perto da hora do almoço, parti para o aeroporto. Os funcionários do aeroporto não eram muito bons e ficaram enrolando para me liberar, porque eu não tenho visto para a Rússia porque eu não preciso, mas eles não sabiam disso. Eles também não despacharam minhas malas direto pra St. Petersburg e assim, tive que fazer check-in novamente em Moscou. Como só tinha uma hora de conexão, tinha quase certeza que iria perder o voo e foi o que aconteceu. Sorte que era a ponte aérea entre Moscou e St. Petersburg, com voos a cada hora e assim não tive que esperar muito. O divertido é que o time nacional de esqui e snowboard russo estava no mesmo voo que eu. Quem sabe se eu ver eles na televisão um dia, não os reconheço? Ao chegar em St. Petersburg, quase às 11 da noite, ainda tive que preparar algumas coisas para o trabalho no dia seguinte.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Istanbul - parte 1


A viagem para Istambul foi ótima. Deu pra se esquentar um pouco, apesar da temperatura não ter passado de 5 graus. Nem é tanto o calor que faz falta, mas de luz e de sol. Lá, pelo menos, clareava por volta das sete da manhã e o dia terminava por volta das 6 da tarde, o que é muito melhor que clarear as 9 da manhã e escurecer as 4 e meia, como acontece aqui na Rússia. Sobre isso, é engraçado como na Rússia as pessoas dão valor para o sol. Toda a vezes em que eu expliquei sobre a bandeira do Brasil, a resposta geral sobre o significado da cor amarela foi de sol e não de ouro e riquezas. Isso não quer dizer que o clima estivesse ótimo na Turquia também. Fez um frio razoável alguns dias além de ventar bastante, devido à proximidade com o mar, e até chover no segundo dia. De qualquer modo, a cidade é muito bonita e cheia história. Acho que é a cidade com mais história que eu já visitei. E a história lá sofreu diversas reviravoltas que, com certeza, mudaram o mundo. Já foi a capital do império Bizantino, já foi Constantinopla, já foi capital do império Otomano e hoje é uma das principais cidades do país, localizada nos dois continentes, Europa e Ásia. Até o destino do Brasil, enquanto país colonizado pelos portugueses depende bastante dos eventos ocorridos em tal cidade. O que teria ocorrido com a exploração marítima dos portugueses no século XV se os turcos não tivessem derrotado Constantinopla em 1453? O caminho para as Índias talvez estivesse livre e é possível que os portugueses nunca tivessem se aventurado no além-mar, continuando seus esforços em direção ao leste e as Índias. A cidade, assim, mistura todas essas origens históricas, abrigando desde construções do tempo dos romanos, preservadas ou não pelos turcos, como também diversas coisas muito interessantes feitas pelos sultões que reinaram em séculos mais recentes.
O voo de Moscou para Istanbul ocorreu sem problemas, com o avião razoavelmente vazio, apesar da companhia de diversas pessoas da Mongólia, incluindo uma menina que sentou perto de mim e era bastante irritante. As pessoas de países mais pobres, ou talvez do oriente, as vezes tem a mania de ficarem se mostrando para os outros quando estão viajando e querendo saber da vida dos outros. Essa menina queria ler meu livro, escutar minha música, sentar no meu lugar na janela e ainda conversar sem falar inglês. Eu fingia que tava dormindo pra me livrar dessa companhia irritante, mas, de qualquer modo o voo foi bastante bom. Ao contrário das companhias aéreas brasileiras, a Aeroflot, companhia nacional russa, serve comidas bastante boas nos seus voos. Chegando em Istanbul, passei pela imigração sem problemas e, após pegar minha mala, fui para o centro da cidade usando o metro e o tram. Eu tinha o endereço do hostel em que eu tinha feito a reserva além de um mapa que eu consegui no aeroporto, o que foi suficiente para que eu chegasse sem problemas ao centro da cidade e ao meu destino. As pessoas eram bem simpáticas e me ajudaram a me localizar. Eles falam inglês bem melhor em Istambul do que em São Petersburgo, principalmente quando os turcos querem te vender algo. Descendo do tram, tive a vista da belíssima praça central da cidade, que já foi o centro dos impérios romano e otomano. Ali estão duas das principais atrações turísticas da cidade, a Hagia Sofia, que já era o centro de Constantinopla e foi bastante mudada pelos árabes após a invasão, possuindo agora alguns minaretes em volta; e a Blue Mosque, uma mesquita impressionante. O hostel, que se chama Sultan Hostel, fica numa rua bastante turística, rodeada de outros hostels, hotéis, restaurantes e bares, e é bastante aconchegante, valendo o baixo preço que paguei pelas noites lá. Meu quarto tinha três beliches, com todas as camas, exceto a minha, ocupadas por pessoas dormindo, na hora que eu cheguei, por volta das 11 da noite. Estava com muita fome, por isso fui para o restaurante do hostel comer meu primeiro döner kebeb, que estava delicioso. Descobri que os kebabs daqui são feitos todos de carneiro e não de carnes misteriosas, o que os torna bem melhores do que de outros lugares. Logo, fui dormir para poder aproveitar o dia seguinte.
Logo de manhã, quando os primeiros raios de sol entraram no quarto, apesar da cortina, acordei sem estar cansado da viagem e aproveitando a uma hora de fuso ao meu favor. Tomei o café da manhã, incluído no preço, que era bem ok, com o pão sendo bastante bom, como em todos os lugares por Istambul. Saí para dar um volta pelas redondezas, sem planejar muito o que fazer. Acabei chegando no Topkapi palace, que era o palácio do sultão e é imperdível. Além se estar localizado no canto entre o Bósforo, o Golden Horn e o mar e, assim, possuir uma vista incrível, é bom para entender um pouco da vida dos sultões e ver as diversas relíquias que ele tem. É divertido que eles tem até a “barba do profeta”, um pedaço da barba do Muhammed, que é o principal profeta dos muçulmanos. Tem ainda o harém dele, um conjunto de prédios onde as diversas mulheres moravam. Fiquei um bom tempo lá, porém bem cedo, antes que as diversas excursões chegassem. São principalmente de países asiáticos, como Japão e China, mas, na verdade, tem gente do mundo inteiro.
Saindo de lá, fui para o museu arqueológico de Istambul, que talvez seja o melhor museu de história em que eu já fui. Era bem grande e tinha muitas coisas da antiguidade oriental, como Pérsia e Mesopotâmia, que eu nunca tinha visto. Eu tava bem cansado de andar, mas terminei esse museu e fui almoçar, dessa fez um sanduíche de kebab de frango. Após a parada para o almoço caminhei até o Grand Bazaar, que é um mercado gigante onde se vende de tudo. Não comprei nada lá, só observei os turcos negociando com todos que passavam. A seguir fui para o Spice Bazaar, onde aí sim testei minhas habilidades de negociador tentando comprar algumas coisas. Eles não falam os preços das coisas, mas ficam valorizando as suas mercadorias e esperam você dizer quanto quer pagar e ficam insistindo em vender ao maior preço possível. Quando se tenta barganhar eles apelam pra argumentos como “eu preciso de dinheiro pra sustentar minha família” ou “eu sou seu amigo, não faça isso comigo”. No final, sempre dá pra abaixar os preços, quando eles revelam desde o começo, a cerca de um quinto do preço original, às vezes até menos. É muito estranho, mas muito turistas acabam pagam muito caro pelas coisas que eles vendem. Acho que a gente, brasileiros, somos bastante bons em barganhar, porque sempre deixamos os turcos irritados com o preço que eles acabam fazendo. Não comprei muitas coisas, mas só uns chás e souvenirs.
Já era fim da tarde, quando voltei para o hostel para dar uma descansada antes de sair para comer algo. Lá conheci um brasileiro que estava no mesmo quarto que eu e ele decidiu ir comigo explorar outra região da cidade. Era um bairro bem ocidental, parecendo qualquer calçadão de lojas de outras cidades. Paramos num restaurante que parecia simpático e comemos um delicioso misto de grelhados, que era enorme. Tinha carne de kebab, franco, boi, carneiro, além de legumes e um pão muito bom. Bem alimentados, passamos por um bar ali por perto antes de voltar ao centro da cidade, onde paramos num café de onde voltamos para o hostel.