quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Istanbul - parte 1


A viagem para Istambul foi ótima. Deu pra se esquentar um pouco, apesar da temperatura não ter passado de 5 graus. Nem é tanto o calor que faz falta, mas de luz e de sol. Lá, pelo menos, clareava por volta das sete da manhã e o dia terminava por volta das 6 da tarde, o que é muito melhor que clarear as 9 da manhã e escurecer as 4 e meia, como acontece aqui na Rússia. Sobre isso, é engraçado como na Rússia as pessoas dão valor para o sol. Toda a vezes em que eu expliquei sobre a bandeira do Brasil, a resposta geral sobre o significado da cor amarela foi de sol e não de ouro e riquezas. Isso não quer dizer que o clima estivesse ótimo na Turquia também. Fez um frio razoável alguns dias além de ventar bastante, devido à proximidade com o mar, e até chover no segundo dia. De qualquer modo, a cidade é muito bonita e cheia história. Acho que é a cidade com mais história que eu já visitei. E a história lá sofreu diversas reviravoltas que, com certeza, mudaram o mundo. Já foi a capital do império Bizantino, já foi Constantinopla, já foi capital do império Otomano e hoje é uma das principais cidades do país, localizada nos dois continentes, Europa e Ásia. Até o destino do Brasil, enquanto país colonizado pelos portugueses depende bastante dos eventos ocorridos em tal cidade. O que teria ocorrido com a exploração marítima dos portugueses no século XV se os turcos não tivessem derrotado Constantinopla em 1453? O caminho para as Índias talvez estivesse livre e é possível que os portugueses nunca tivessem se aventurado no além-mar, continuando seus esforços em direção ao leste e as Índias. A cidade, assim, mistura todas essas origens históricas, abrigando desde construções do tempo dos romanos, preservadas ou não pelos turcos, como também diversas coisas muito interessantes feitas pelos sultões que reinaram em séculos mais recentes.
O voo de Moscou para Istanbul ocorreu sem problemas, com o avião razoavelmente vazio, apesar da companhia de diversas pessoas da Mongólia, incluindo uma menina que sentou perto de mim e era bastante irritante. As pessoas de países mais pobres, ou talvez do oriente, as vezes tem a mania de ficarem se mostrando para os outros quando estão viajando e querendo saber da vida dos outros. Essa menina queria ler meu livro, escutar minha música, sentar no meu lugar na janela e ainda conversar sem falar inglês. Eu fingia que tava dormindo pra me livrar dessa companhia irritante, mas, de qualquer modo o voo foi bastante bom. Ao contrário das companhias aéreas brasileiras, a Aeroflot, companhia nacional russa, serve comidas bastante boas nos seus voos. Chegando em Istanbul, passei pela imigração sem problemas e, após pegar minha mala, fui para o centro da cidade usando o metro e o tram. Eu tinha o endereço do hostel em que eu tinha feito a reserva além de um mapa que eu consegui no aeroporto, o que foi suficiente para que eu chegasse sem problemas ao centro da cidade e ao meu destino. As pessoas eram bem simpáticas e me ajudaram a me localizar. Eles falam inglês bem melhor em Istambul do que em São Petersburgo, principalmente quando os turcos querem te vender algo. Descendo do tram, tive a vista da belíssima praça central da cidade, que já foi o centro dos impérios romano e otomano. Ali estão duas das principais atrações turísticas da cidade, a Hagia Sofia, que já era o centro de Constantinopla e foi bastante mudada pelos árabes após a invasão, possuindo agora alguns minaretes em volta; e a Blue Mosque, uma mesquita impressionante. O hostel, que se chama Sultan Hostel, fica numa rua bastante turística, rodeada de outros hostels, hotéis, restaurantes e bares, e é bastante aconchegante, valendo o baixo preço que paguei pelas noites lá. Meu quarto tinha três beliches, com todas as camas, exceto a minha, ocupadas por pessoas dormindo, na hora que eu cheguei, por volta das 11 da noite. Estava com muita fome, por isso fui para o restaurante do hostel comer meu primeiro döner kebeb, que estava delicioso. Descobri que os kebabs daqui são feitos todos de carneiro e não de carnes misteriosas, o que os torna bem melhores do que de outros lugares. Logo, fui dormir para poder aproveitar o dia seguinte.
Logo de manhã, quando os primeiros raios de sol entraram no quarto, apesar da cortina, acordei sem estar cansado da viagem e aproveitando a uma hora de fuso ao meu favor. Tomei o café da manhã, incluído no preço, que era bem ok, com o pão sendo bastante bom, como em todos os lugares por Istambul. Saí para dar um volta pelas redondezas, sem planejar muito o que fazer. Acabei chegando no Topkapi palace, que era o palácio do sultão e é imperdível. Além se estar localizado no canto entre o Bósforo, o Golden Horn e o mar e, assim, possuir uma vista incrível, é bom para entender um pouco da vida dos sultões e ver as diversas relíquias que ele tem. É divertido que eles tem até a “barba do profeta”, um pedaço da barba do Muhammed, que é o principal profeta dos muçulmanos. Tem ainda o harém dele, um conjunto de prédios onde as diversas mulheres moravam. Fiquei um bom tempo lá, porém bem cedo, antes que as diversas excursões chegassem. São principalmente de países asiáticos, como Japão e China, mas, na verdade, tem gente do mundo inteiro.
Saindo de lá, fui para o museu arqueológico de Istambul, que talvez seja o melhor museu de história em que eu já fui. Era bem grande e tinha muitas coisas da antiguidade oriental, como Pérsia e Mesopotâmia, que eu nunca tinha visto. Eu tava bem cansado de andar, mas terminei esse museu e fui almoçar, dessa fez um sanduíche de kebab de frango. Após a parada para o almoço caminhei até o Grand Bazaar, que é um mercado gigante onde se vende de tudo. Não comprei nada lá, só observei os turcos negociando com todos que passavam. A seguir fui para o Spice Bazaar, onde aí sim testei minhas habilidades de negociador tentando comprar algumas coisas. Eles não falam os preços das coisas, mas ficam valorizando as suas mercadorias e esperam você dizer quanto quer pagar e ficam insistindo em vender ao maior preço possível. Quando se tenta barganhar eles apelam pra argumentos como “eu preciso de dinheiro pra sustentar minha família” ou “eu sou seu amigo, não faça isso comigo”. No final, sempre dá pra abaixar os preços, quando eles revelam desde o começo, a cerca de um quinto do preço original, às vezes até menos. É muito estranho, mas muito turistas acabam pagam muito caro pelas coisas que eles vendem. Acho que a gente, brasileiros, somos bastante bons em barganhar, porque sempre deixamos os turcos irritados com o preço que eles acabam fazendo. Não comprei muitas coisas, mas só uns chás e souvenirs.
Já era fim da tarde, quando voltei para o hostel para dar uma descansada antes de sair para comer algo. Lá conheci um brasileiro que estava no mesmo quarto que eu e ele decidiu ir comigo explorar outra região da cidade. Era um bairro bem ocidental, parecendo qualquer calçadão de lojas de outras cidades. Paramos num restaurante que parecia simpático e comemos um delicioso misto de grelhados, que era enorme. Tinha carne de kebab, franco, boi, carneiro, além de legumes e um pão muito bom. Bem alimentados, passamos por um bar ali por perto antes de voltar ao centro da cidade, onde paramos num café de onde voltamos para o hostel.

4 comentários:

  1. Puxa!!! Vc aproveitou bem o seu primeiro dia em Istambul. Usa-se dolar ou euro ?
    Pra vc falar que a cidade é bonita , é porque merece ser visitada. Pelo jeito , a comida tbem é boa e farta. E, pechinchar vale a pena , não?
    Aqui , o tempo está melhorando : nem tanto calor, nem tanta chuva...
    As aulas começaram e a cidade parece estar tomando vida. No mais, o dia a dia continua o mesmo.
    Abços

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  2. Que vontade de conhecer Istambul depois de todas essas descrições!!! Ainda mais se a cidade está preparada para receber turistas, inclusive os japonêses que são tão preocupados com a segurança. Estou curiosa p/ ver as fotos - as suas e as da Carol.
    Puxa, como tem brasileiros espalhados pelo mundo, não?
    Abços!

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  3. carlos yuji (Tio da Yuubi)3 de fevereiro de 2011 às 15:38

    Olá Eduardo , quantas viagens, curiosidades ,coisas novas e históricas hein?
    Ainda bem que aí na Turquia está bem mais quente do que na Rússia .Boa viagem por aí .
    até

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  4. Oi, Edu

    Bom Dia ! Como vai, tudo bem?
    Aqui tudo vai bem, no domingo fomos pescar, a convite de seu pai, foi bastante divertido, pegamos alguns espadas, o Felipe( filho do Gilberto), pegou tambem um dourado e Adilson( que trabalha com seu pai) pegou uma prejereba de uns 6 kg, seu pai ganhou este peixe , que os aguarga, para assarmos qdo vocês voltarem para o Brasil.
    outro dia ainda encontrei algumas das suas cervejas, na geladeira , e tomei-as, ainda estão todas muito boas, ainda ficaram algumas na geladeira...vou guardar, até a volta de vocês.
    Sobre Istambul, não sei por que não tenho muito boa impressão daí, acho que pelo filme americano da decada de 80, o Expresso da Meia Noite, que me deixou impressionado, com os policiais fazendo babaridades e desrespeitos com as pessoas, outra coisa é o preconcieto que temos que qdo o cara passa a perna na gente, dissemos que é coisa de TURCO !!!ë essa de vender, por mais do que vale, isso soa meio argentino, né?
    Mas pelo visto , é bonito, cheio de encantos, historias,..é um povo dos bem antigos,
    vejo que vocês estão enriquecendo o curriculo de vocês, e isso é impagavel como experiencia de vida.
    Bem , bom retorno a russia e bom trabalho, agora falta pouco , para o final.

    abraços

    yabase

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