No segundo dia em Istanbul, após tomar o café da manhã novamente no hostel, eu saí com o brasileiro para o Grand Bazaar, onde ele queria comprar algumas coisas, porque naquele mesmo dia partiria para a Bélgica. Demos uma volta ali e ele gastou seu dinheiro restante e eu pude conhecer um pouco mais da negociação turca. Depois, fomos para a Blue Mosque, já que ela fica bem perto do hostel e é de graça para entrar. Foi a primeira vez que eu entrei numa mesquita e é bem interessante, não muito diferente de uma igreja, mas com alguns costumes que eu não conhecia. Devem-se tirar os calçados para entrar na parte interna, mesmo que não seja possível visitar toda a mesquita, mas somente a parte reservada para turistas. A parte de dentro tinha uma cúpula bem alta e bonita, além de diversos mosaicos e vitrais. Na verdade, por ser um local com muitos visitantes, não parece algo muito autêntico, como um local religioso. O que é interessante em relação a cidade é que existem alguns momentos em que toda a cidade para pra fazer algum tipo de reza, nos quais se tiram os calçados, lavam-se os pés, estendem-se os tapetes e ajoelham-se neles, ao mesmo tempo em que os minaretes cantam algum tipo de hino religioso. É algo bem bonito e dá um toque especial ao ambiente da cidade. Talvez toda cidade com predominância de muçulmanos seja assim, mas como essa foi a minha primeira, me impressionou bastante. No caminho de volta para o hostel, passamos no museu dos mosaicos, que fica perto da mesquita, na verdade embaixo da mesma. Trata-se de um mosaico gigante, acho que deve ter uns 50 x 10 metros e é do tempo dos romanos. Se não me engano é o maior mosaico romano do mundo. Ele fica no local original onde foi encontrado, sobre o qual os árabes construíram diversas coisas, como a mesquita. O Not que me deu a dica desse museu e valeu a pena. Depois disso, voltamos para o hostel e ali almoçamos, para meu colega, a seguir, partir em direção ao aeroporto. Fui, então, para a Hagia Sofia, que, como já disse, era o centro do império bizantino. Talvez seja o principal ponto turístico da cidade, mas se trata de uma construção bastante misturada e eclética, na qual os árabes fizeram diversas mudanças para adaptar uma igreja cristã aos seus padrões. Cruzes foram transformadas em detalhes de mosaicos da arte turca, os símbolos cristãos, como alguns mosaicos de Jesus e Maria foram cobertos, foram construídos diversos símbolos muçulmanos e para sultões, entretanto, com o tempo e pesquisas, tudo isso foi descoberto, nos dois sentidos da palavra. Assim, ao adentrar no prédio o que se vê é uma grande mistura de símbolos, todos com sua importância, que foram se acumulando com o passar do tempo. Nesse sentido, que eu vejo Istanbul com uma importância histórica magnífica, porque foi o centro do mundo, tanto no Ocidente, quanto no Oriente e tudo foi sobreposto significando pra cada cultura algo completamente distinto. Quando nós vamos a esses lugares, imaginamos os diversos mistérios que estão ou estiveram expostos ali e, mesmo que não possamos compreendê-los, sabemos que existe algo especial ali.
Depois dessa visita, decidi outra sugestão do Not, que esteve em Istanbul no ano passado e fui visitar a muralha de Constantinopla, que era a defesa da cidade até a derrota para os turcos no século XV. Achei estranho que ela não aparecia em nenhuma indicação turística da cidade, mas mesmo assim fui até lá conferir. Eu pretendia caminhar por ela, mas o mal tempo e a má conservação da mesma não me permitiu fazer isso. Estava chovendo e ventando bastante e a muralha estava completamente suja, com muito lixo, o que me deixou um pouco receoso de continuar nesse caminho. Como não foi um símbolo adaptado pelos árabes e permaneceu como símbolo da derrota dos romanos, acho que eles não dão a importância devida e esse, que poderia ser um dos melhores pontos turísticos da cidade. Perto dali, tem um museu chamado Panorama 1453, que eu não recomento, porque só conta a história da batalha e possui uma espécie de reconstrução em 360 graus de como foi a invasão turca. Nada de mais. Voltei, então, para o hostel para me esquentar um pouco, mas logo depois voltei para a parte mais ocidental da cidade. Ali fui jantar, numa rua cheia de restaurantes de peixes e, pelo menos no que eu comi, era bastante bom. Depois dei mais uma volta e voltei para o hostel. Chegando lá, conheci meu novo room mate, um australiano, que estava morando no Irã para aprender persa, e saímos um pouco para um bar na frente do hostel. A francesa do meu quarto se juntou a nós e pudemos conversar um pouco e ouvir a boa música que tocava ali.
No dia seguinte já tinha meu plano: pegar o ferry para um passeio pelo Bósforo e voltar pelo lado asiático da cidade. O canal do Bósforo é a ligação do Mar Megro ao Mar de Mergara, que é uma espécie de continuação do Mediterrâneo, e divide a cidade na parte europeia e asiática. Quando estava tomando o café da manhã o australiano apareceu e se juntou a mim para o passeio. Até a entrada do mar negro são duas horas de barco passando por palácios de sultões e algumas pontes bem grandes. Não estava um dia muito bonito, mas mesmo assim foi legal ter uma perspectiva diferente da cidade. No final, de onde dá pra se ver o Mar Negro tem uma fortaleza romana, mas ela estava fechada para escavações arqueológicas. Ao invés de esperar o barco de volta por três horas, já tinha planejado em voltar de ônibus por terra, pelo lado asiático. Foi uma experiência divertida voltar nos ônibus comuns, sem falar turco e passando por bairros bem diferentes do centro turístico. Paramos pra trocar de ônibus uma hora, mas seguimos até um lugar onde podíamos pegar outro barco pra cruzar de volta para o lado europeu. Nessa última parada, tinham algumas mesquitas bem bonitas e menos turísticas que entramos e vimos algumas pessoas rezando. As mesquitas não eram tão pomposas como a Blue Mosque, mas de algum modo, pareciam ter algo de mais religioso. Já era perto das três da tarde quando paramos para comer um sanduíche de peixe, que custou muito barato e era delicioso. Na volta para o hostel passamos pelo Spice Bazar e por um café, onde pudemos descansar um pouco. De volta para o hostel, conhecemos melhor os novos companheiros de quarto, dois suíços, da parte italiana, mas que moram em Zurique e duas chilenas de Santiago. Como era domingo, não havia muitos lugares bons para sair, então decidimos ficar no bar do hostel, onde nos divertimos bastante conversando por bastante tempo. Uma coisa que deixa as viagens e os lugares bem interessantes é a companhia. Quando se encontra pessoas legais, os lugares passam a ser bem mais divertidos e as memórias dos mesmos também.
No dia seguinte acordei antes dos outros para me despedir da cidade com uma pequena caminhada. Nela, aproveitei para gastar minhas últimas liras na Cisterna, que fica embaixo do centro histórico. É uma espécie de lago subterrâneo do tempo dos imperadores romanos, que foi preservada e reformada e, apesar de ser um lugar pequeno e rápido de ser visitado, vale a pena. Perto da hora do almoço, parti para o aeroporto. Os funcionários do aeroporto não eram muito bons e ficaram enrolando para me liberar, porque eu não tenho visto para a Rússia porque eu não preciso, mas eles não sabiam disso. Eles também não despacharam minhas malas direto pra St. Petersburg e assim, tive que fazer check-in novamente em Moscou. Como só tinha uma hora de conexão, tinha quase certeza que iria perder o voo e foi o que aconteceu. Sorte que era a ponte aérea entre Moscou e St. Petersburg, com voos a cada hora e assim não tive que esperar muito. O divertido é que o time nacional de esqui e snowboard russo estava no mesmo voo que eu. Quem sabe se eu ver eles na televisão um dia, não os reconheço? Ao chegar em St. Petersburg, quase às 11 da noite, ainda tive que preparar algumas coisas para o trabalho no dia seguinte.
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