segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Dias vinte, vinte e um e vinte e três

Talvez complemente as informações abaixo depois e com certez depois escrevo sobre o vigésimo segundo dia.

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Quatro dias de atraso no diário significam que estive muito ocupado por aqui. Foram três dias bastante intensos e um último dia um pouco triste. Vou começar a contar e se não der continuo depois.

Obs.: os comentários a respeito dos comportamentos da Carol são fruto da minha observação e são, assim, puramente subjetivos. Para outra versão dos mesmos fatos, veja yami-land.blogspot.com

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29 de janeiro

Fui cedo para a aula, porém já bastante ansioso pela chegada da Carol. Já não me lembro de muita coisa, mas sei que contava os minutos passando. Sim, estava com muita saudade. A matéria da aula era uma que eu dominava bem, então não tive muitos problemas em entendê-la. Nessa aula também, entreguei meu essay, um texto que vale nota, que foi sobre a vida cultural em Berlim. Na hora do almoço, fui almoçar no Mensa grande e a comida estava bastante boa, tendo uma espécie de chucrute (depois ponho fotos). A professora tocou algumas músicas na aula que até que eram legais, embora um pouco bregas. Quando a aula terminou, saí, literalmente correndo, pois já havia anotado o horário do ônibus (15h11). Quando estava chegando no ponto, o ônibus estava passando por mim e para aminha sorte, o motorista viu meu esforço em correr e me esperou (o outro ônibus viria em 20 minutos, uma eternidade). O trajeto, normalmente rápido, pareceu muito longo, mas logo cheguei, após pegar também um trem, ao Mcdonalds perto do apartamento que era o ponto de encontro. Logo que cheguei a vi pela janela e entrei devagar para não chamar a atenção. Mas logo ela percebeu minha presença e pulou para me abraçar. Ela estava tomando uma coca-cola que estava ruim, mas logo sugeri que fossemos ao supermercado comprar algo para comer já que no apartamento não havia nada. Fomos então, enquanto colocávamos a conversa em dia, até o supermercado que fica próximo ao Mcdonalds, onde ela ficou impressionada com os preços baixos. Compramos alguns chocolates, doces e pães para comer, além de uma sopa que ela queria comer pois estava com bastante fome, já que não almoçara. Fomos até o apartamento que ela achou muito bom e após mostrá-lo para ela, fez a sopa que comeu com os croissants que havíamos comprado. Ficamos algum tempo conversando, mostrando as novidades e planejando os passeios que faríamos. Decidi levar ela para conhecer um dos meus lugares favoritos aqui: a sala da Filarmônica, apesar de não ter ingressos e de eles estarem “supostamente” esgotados.
No caminho fui paramos num shopping perto da Potsdamer Platz, sem quere, e encontrei uma loja que minha professora tinha falado que estava em promoção de fechamento. Acabei comprando, com a ajuda da Carol, um cachecol e uma blusa de lã, que estava precisando (na promoção paguei 13 euros, quando o preço normal era mais ou menos 40 euros). Chegando na sala da Filarmônica havia uma fila para os ingressos. Depois de mais ou menos 15 minutos, o caixa se abriu e conseguimos os ingressos, porém era para um lugar em pé (foi mais barato que normalmente). Como faltava mais de uma hora para o começo do concerto, aproveitamos que era quinta-feira, o dia em que os museus ficam abertos até mais tarde e de graça, para irmos até o museu de instrumentos musicais antigos que fica ao lado da sala da Filarmônica. Era bem sem graça ver vários instrumentos interessantes envoltos em vidros e juntando poeira, apesar de haver algumas coisas interessantes.
Meia hora antes de o concerto começar retornamos a sala de concerto, onde passamos pela lojinha e comemos um pretzel, que não era muito bom, mas ficou graças à mostarda e o catchup que colocamos. Fomos procurar nosso lugar e acabamos encontrando alguns colegas meus do curso. Em seguida, assumimos uma das cabines em pé que ficam atrás de tudo, não muito satisfeitos (na verdade esse lugar é onde os músicos ficam quando a partitura pede que eles fiquem no meio da platéia). Porém, logo que deu o último sinal e as portas se fecharam encontramos dois lugares juntos no final da fileira das pessoas. “Entschuldigung” – fomos pedindo às pessoas que algumas faziam cara feia. Porém, nem todos eram alemães mal humorados, já que a mulher que sentou ao nosso lado era simpática, oferecendo os binóculos dela para que a Carol pudesse enxergar melhor (não era necessário pois nosso lugar era bastante bom).
Sobre o concerto, ele foi bastante bom, com solista e maestro bastante famosos: o pianista chinês Lang Lang, grande sensação atual e o maestro japonês Seiji Ozawa. O programa foi bom com o primeiro concerto de Mendelsohn e a primeira sinfonia de Bruckner. Ao final do concerto, pegamos o trem junto com um colega que mora no mesmo apartamento que o meu, que também estava no concerto. Quando chegamos, esquentamos a sopa, comemos junto com pão com manteiga (a manteiga aqui é realmente boa), enquanto treinava para minha apresentação sobre “Costume design” do dia seguinte. Depois dormimos pois estávamos cansados e precisávamos descansar.

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30 de janeiro

De manhã tinha aula na universidade, por isso a Carol foi comigo para conhecê-la. Mostrei para ela os lugares onde tenho aula, além do Mensa, onde comemos um pedaço de torta e tomamos um ice-tea de cacto. Quando fui para a aula, ela foi para os lugares onde havia indicado para ela visitar. Sobre a minha apresentação, acho que foi razoável, pois minha habilidade com a língua inglesa não é muito boa, além de não ter, também, muita habilidade em falar em público. O professor não complementou muito minha apresentação por isso acho que ela foi suficiente. Ele passou um filme para ilustrar a matéria, que é um filme alemão bem interessante chamado “Sommer von Balkon” (título em inglês: Summer in Berlin). Depois almocei nhoque no Mensa que estava razoável. Na segunda metade da aula uma garota apresentou sua apresentação sobre design de som e o professor passou um filme (“The Corporation”, um dos primeiros do Coppola), porém, como acabaria muito tarde, pedi para sair mais cedo e não assisti muito dele.
Saindo da aula, liguei para a Carol (ela estava com o meu celular e eu liguei do Skype) e combinei de encontrar com ela na livraria. Lá, demos uma volta e encontramos muitas coisas legais e ela comprou um mangá em alemão. Saímos de lá em direção a Alexander Platz onde minha vizinha de prédio nos encontraria para sairmos para algum lugar depois. Na Alexander Platz fomos na Galeria Kaufhaus, onde passeamos e nos divertimos com as várias coisas que tem lá, como roupas e comidas. Como estávamos com fome, comemos na estação de trem num pequeno restaurante que fazia comida asiática, uma espécie de yakissoba que estava muito bom. Decidimos ir para um bairro perto da Alexander Platz que eu não sei o nome, mas que concentra muitos barzinhos e restaurantes legais. Primeiro, fomos num chamado Zapata que é bastante conhecido, mas bem alternativo (para uma definição de alternativo, ver posts anteriores. Ficamos algum tempo ali e, quando iria começar a música ao vivo (black music e r&b) saímos em direção a um outro lugar que tínhamos passado em frente que parecia bem legal. Era um barzinho que fica numa espécie de porão de um prédio do estilo dos prédios comunistas, onde estava tocando músicas bastante legais como Beatles. Conversando, minha amiga falou que ela havia ido para a aquela região numa excursão da sua aula de alemão e foi no túmulo do Hegel num cemitério ali perto. Passamos, então, na frente do cemitério, que estava fechado, enquanto andávamos pelas redondezas, enquanto mostrava a vida noturna de Berlim para a Carol. Fomos para lugares bem estranhos, como um prédio totalmente pichado onde havia uma galeria de um artista e muitas pessoas estranhas. Acabamos chegando em outro bar num porão, onde havia alguns húngaros que estavam bêbados e falaram um pouco com a gente. Depois daí, voltamos para o apartamento bastantes cansados e dormimos pois o dia seguinte seria, de acordo com os planos, mais cansativo ainda (acho que chegamos aproximadamente 1 e meia da manhã!).

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31 de janeiro

Um dia bem longo que não vou ter tempo de contar hoje

01 de fevereiro

Acho que hoje foi o dia mais difícil da viagem até agora. Já estava acostumado com a presença da Carol aqui e não foi fácil voltar do aeroporto sozinho, lembrando de todos os lugares de Berlim onde estivemos juntos. Agora já estou melhor, mas no começo fiquei um pouco triste (“um pouco” talvez seja modéstia, ou uma imprecisão).
Acordamos não muito cedo (pois voltamos muito tarde ontem) e fomos ao supermercado onde ela ia me ajudar a comprar produtos de limpeza para eu limpar o apartamento quando fosse embora, além de outras coisas para ela levar para a Finlândia. Porém, o supermercado estava fechado e tivemos que nos contentar com sanduíches comprados no Mcdonalds para café da manhã. Voltamos para o apartamento, onde arrumamos as coisas para a partida da Carol, enquanto aproveitávamos as últimas horas juntos para conversar e planejar outros encontros e planos. Saímos, então, em direção ao aeroporto onde ela foi se despedindo de Berlim e me deixando cada vez mais “triste” (não tem uma palavra muito boa para expressar isso). Chegando no aeroporto, como tínhamos tempo, paramos para comprar cartões postais e para comer um pedaço de bolo (cada vez mais “triste”...). Fomos até o terminal da companhia aérea dela (Air Berlin) que fica num outro prédio, só acessível passando pela neve caía. Ela fez o check-in e ainda tínhamos mais 15 minutos para ficarmos juntos (cada vez mais “triste”.........). Chegou o momento do embarque e tivemos que nos despedir (cada vez mais “triste”..................). Esperei até não poder mais vê-la para mandar um último beijo e um último tchau (até parece que a gente não ia poder nos falar mais... graças a deus existe a internet!).
Fiquei algum tempo aproveitando a internet do aeroporto para descobrir o que fazer depois, antes de pegar o ônibus para voltar para o centro. Decidi ir para o Konzrthaus, uma outra sala de concertos, onde haveria um concerto interessante (Prelude de Debussy, Concerto para cello de Dvorak e Concerto para orquestra de Bártok) com a orquestra do Konzerthaus. Fui até lá e comprei o ingresso para sentar no coro. Tentei assistir a introdução ao concerto, mas era em alemão e com o pouco que entendi, não achei muito interessante. Assisti a primeira metade do concerto e fui embora, pois estava muito cansado e não estava muito bom (acho que nada estaria muito bom hoje...). No caminho encontrei um supermercado aberto na Friedrichstrasse, que devia ser o único na cidade pois estava muito cheio, e comprei o que precisava para minha última semana aqui.
Voltei no trem sozinho, sentindo muito a falta da Carol e decidi então ir até o café perto do apartamento para falar com ela como havíamos combinado, sem passar antes no apartamento. Conversei bastante com ela além de falar com minha mãe, meu pai e o Gui, que estava indo hoje para São Paulo, já que as aulas dele começam amanhã. Quando estava indo embora, minha amiga ligou e falou que também ia para o café. Acabei jantando lá, então, um ótimo prato de frango com curry, arroz e salada. Depois voltei para casa, onde preparei minha apresentação de alemão para amanhã, fiz minha lição de casa e escrevi tudo isso. A entrada em casa foi bem “triste” também, pois o apartamento me trazia lembranças dela em cada canto, mas consegui realizar quase todas minhas tarefas (faltou escrever sobre o dia 31). Desculpem o sentimentalismo, mas acho que é um pouquinho é bom aqui...

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6 comentários:

  1. Du,
    O Seiji Osawa ainda está na ativa? Que eu me lembre, há algumas décadas atrás, ele já era famoso e tinha cabelos longos e já brancos.
    O Gui queria ir ao jogo SP x Santo André no Morumbi, para passar mais rápido o tempo, mas eu estava cansado pois saí direto do golfe, num dia muito quente, direto para SP. Ainda bem que não fomos pois o Marcelinho Carioca (ex do Corinthians) fez a festa e ganharam de 2x0.
    Parece que dia 1 de Fevereiro, pelo seu relato, foi um dos dias mais tristes de sua vida. Como já disseram, a gente dá mais valor quando sente falta e é bom passar por isso para valorizar.
    A crise que pode estar nos atingindo, segundo os especialistas, (não sei se podemos confiar pois os melhores de Harvard, erraram) parece que tem duração pequena devendo recrescer a partir de abril. Vamos esperar.
    Abraço,
    Pai

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  2. É realmente triste voltar para a finlândia!! Berlin é uma cidade incrível. E a companhia melhor ainda!! Eu realmente me diverti muito, e mal posso esperar para vc chegar em helsinki em abril!! Minha viagem de volta foi bem desconfortável por causa do meu lugar, mas foi tudo bem.
    Eu realmente gosto de escrever no meu blog. Acho que vou escrever sobre berlin hj porque está tudo tão fresco na memória!! ^^
    Bjos =**

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  3. Du,
    Os seus sentimentos ,com relação a Carol, foram expressos com mta emoção. Ficamos orgulhosos com a sua atitude de "por no papel" algo tão pessoal e íntimo. Cada vez mais, vc demonstra que é uma pessoa íntegra: a razão, assim como o coração tem a mm importancia .
    Sofrimento é "pesado", mas, com o passar do tempo, será só uma leve lembrança ...
    Fique "frio" !! (Não de temperatura térmica, mas , deixe o tempo passar ...) A retaguarda aqui é gde , as orações são mtas, a torcida é de "primeira" e só antevejo mta alegria e sucesso !! Olhe que esse é o ano do "boi" no calendario chines e é o meu ano. Tudo o que prevejo, acontece (modestia a parte)
    Abraços,
    Tia Mi

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  4. Olá Du.
    A sua estada em Berlin está sendo bem aproveitada, hein? Saindo se bem nos cursos ,
    conhecendo a cidade e principalmente curtindo os seus concertos.Continue assim.
    Se voce encontrar o Helio de um abraço , ele é um cara legal e atua numa área interessante.
    Abraços .
    Tio No

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  5. Dudu,
    Voce foi pessoalmente ao concerto regido pelo maestro Seiji Osawa e viu o pianista Lang Lang tocando ?? Poxa, voce é mesmo uma pessoa privilegiada !!!
    Isso tudo é mérito seu: não é qualquer um que luta para ter uma oportunidade dessa e vence. Voce é GENIAL !!
    Tia Le

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  6. Oi Du, ainda bem que deu tempo da Carol te encontrar e passear com vc por Berlin, que boas lembranças estão tendo deste intercâmbio - ficamos felizes por vcs!
    Só tem uma semana em Berlin? Então, um bom final de curso!!! Pelo visto, vai ser triste ter que deixar a cidade... Mas novas experiências estão por vir, tomara que sejam tão boas quanto estas!
    Abço,
    Marta

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